segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Amor e condenação
1Timóteo 1.5-11

Nova Tradução na Linguagem de Hoje
5 Essa ordem está sendo dada a fim de que amemos uns aos outros com um amor que vem de um coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé verdadeira. 6 Alguns abandonaram essas coisas e se perderam em discussões inúteis. 7 Eles querem ser mestres da Lei de Deus, mas não entendem nem o que eles mesmos dizem, nem aquilo que falam com tanta certeza.
8 Sabemos que a lei de Deus é boa, se for usada como se deve. 9 Devemos lembrar, é claro, que as leis são feitas não para as pessoas corretas, mas para os marginais e os criminosos, os ateus e os que praticam o mal e para os que não respeitam a Deus nem a religião. São feitas também para os que matam os seus pais e para outros assassinos. 10 E para os imorais, os homossexuais, os sequestradores, os mentirosos, os que dão falso testemunho e para os que fazem qualquer outra coisa que é contra o verdadeiro ensinamento. 11 Esse ensinamento se encontra no evangelho que Deus me encarregou de anunciar, isto é, na boa notícia que vem do Deus bendito e glorioso.

Revista e Atualizada
5 Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. 6 Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, 7 pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações.
8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, 9 tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, 10 impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, 11 segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado.

O jovem Timóteo fora deixado por Paulo na Igreja de Éfeso como fruto da preocupação paulina de não só plantar igrejas mas de também dar a elas uma sólida base de fé.

No trecho de nossa meditação de hoje, Paulo exorta Timóteo acerca da relação com o próximo. Neste sentido, ele articula, ao meu ver, dois eixos muito interessantes: o amor e a condenação.

Paulo convida a Timóteo a amar ao seu semelhante com um amor que vem de um coração puro, consciência limpa e de uma fé verdadeira.

O coração é onde residem nossas emoções, aquilo que desejamos de mais sincero, seja isso bom ou ruim. Jesus afirmou que onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.(Mateus 6.21, Revista e Atualizada) Ou seja, nós depositamos nosso coração naquilo que nos é valioso. Se nós valorizarmos o que é bom, viveremos em busca do bem. Caso contrário, viveremos em busca de coisas ruins.

Amar com o coração puro, mas também com a consciência limpa. A consciência é onde está o nosso referencial moral de vida. Ter consciência passa pela educação e valores que recebemos de nossos pais, da escola e da Igreja. Paulo, que chama Timóteo como filho da fé, pede a ao jovem pastor que mantenha sua consciência limpa, ou seja, que os alicerces nos quais eles foram edificados possam ser a coluna firme de suas decisões. Que ele não faça nada que o afaste mais de Deus, mas que procure a paz com Deus e com seu próximo. Hoje temos vivido uma época em que os valores éticos e morais estão cada vez mais em segundo plano, o que torna o padrão de consciência limpa ainda mais frouxo, mais distante da vontade de Deus. Vigiemos nossas atitudes à luz da palavra de Deus.

Amar com o coração puro, a consciência limpa e com fé verdadeira. A fé que temos não é nossa, é dada por Deus e deve ser cultivada e trabalhada a fim de que aumente cada dia mais. É preciso pedir a Deus que nos aumente a fé. Mais fé, mais provações. Mais fé, mais próximos de Deus. Mais fé, mais coração puro. Mais fé, mais consciência limpa. Paulo exorta a Timóteo a ter uma fé sem hipocrisias, sem fingimentos, uma fé verdadeira. Existem pessoas que fundamentam sua fé nas palavras do pastor, de um líder da Igreja, de um cristão famoso, de um desses pastores de Rádio e TV. Acontece que nenhum destes é capaz de aumentar ou diminuir sua fé, apenas Deus pode fazê-lo. Por isso a exortação paulina de buscar a fé verdadeira, ou seja, a fé em Deus.

Com o coração puro, a consciência limpa e uma fé verdadeira devemos amar o nosso próximo. Acontece que alguns na Igreja de Éfeso abandonaram a busca por estes três padrões de vida, e isso pode acontecer conosco aqui. Estes a quem Paulo adverte a Timóteo para que tome cuidado com eles, vivem em discussões que nada acrescentam para a vida da Igreja. Acho interessante o apóstolo dizer que existem pessoas que entram em discussões e nem mesmo sabem do quê estão falando, ou seja, chegam a defender a Cristo sem sequer viver um de seus ensinamentos.

As pessoas que buscam no conhecimento da palavra a razão de seus debates para promoção pessoal tendem a tornar a lei de Deus mais dura do que ela é de fato. Em seu comentário sobre este texto, João Calvino afirma que ...aqueles que desejam ser considerados como os mais zelosos pela lei, comprovam, mediante sua maneira de viver, ser seus principais transgressores.(CALVINO, João. Pastorais. São José dos Campos,2009: Editora Fiel. P.32) Ou seja, quando alguém chama para si a responsabilidade de um moral muito rígida, de um padrão de comportamento ético muito rígido, esta pessoa é a primeira a transgredir seus padrões. Paulo lembra a Timóteo que a Lei de Deus não é ruim, mas é boa, pois serve para orientar o ser humano. Esta lei não foi feita para os justos, mas sim para os injustos.

Da lista de pecados tecida por Paulo, percebemos que muitos são extremos, como crimes e práticas imorais. Não quero me deter nesta lista. Creio que Paulo quis mostrar a Timóteo que existem pessoas que não se importam com a condenação de Deus e os que se enquadram nesta lista de pecados, normalmente, não se importam com o que pode lhes acontecer. Mas qual a nossa função diante destes que praticam tais delitos? A resposta está no início do texto que lemos: amemos uns aos outros. É preciso amar os marginais e os criminosos, mas não sermos coniventes com seus crimes. É preciso amar os ateus e aqueles que praticam o mal e não respeitam a Deus nem a religião, mas não devemos ser coniventes com suas práticas. É preciso amar os que matam seus pais e também os assassinos em geral, mas não podemos ser coniventes com seus crimes. É preciso amar os imorais, os homossexuais, os seqüestradores, os mentirosos, os que dão falso testemunho mas não devemos ser coniventes com suas práticas.

De todos estes itens da lista de pecados que Paulo escreve à Timóteo, pode haver algum que você já fez. Não existe nesta lista um erro maior ou menor. Assassinar está na mesma condição de mentir. Paulo quer que Timóteo observe bem esta lista em confronto com aqueles que se envolvem em discussões inúteis, para que estes percebam que também são pecadores e que se eles, ou nós, se entregarem a estas práticas, estarão degradando o evangelho de Deus, a boa nova será manchada pelo mau testemunho de pessoas que não buscam genuinamente a vontade de Deus. Nosso Deus é bendito e glorioso, como bendito e glorioso é o evangelho que ele quer que vivamos. Não deixemos que nossos corações se alimentem de coisas ruins, nem que nossa consciência seja afrouxada e muito menos que nossa fé seja fundamentada em algo ou alguém que não Deus.

Concluindo, Paulo convida Timóteo ao amor mais que à condenação. Devemos amar o nosso semelhante e não julgá-lo e condená-lo. Esta função pertence a Deus, ele é o juiz. A nós cabe uma vida em busca de um coração puro, uma consciência limpa e uma fé verdadeira para alcançarmos aqueles que se encontram distantes de Deus, para que nós também possamos reconhecer quando nos envolvemos em falatórios inúteis e não agimos da maneira como Deus quer. Que Deus nos ajude a viver cada dia mais amando nosso semelhante com coração puro, consciência limpa e fé verdadeira. Que Deus nos abençoe.

Rev. Giovanni Alecrim

Este sermão é parte de uma série de sermões que serão ministrados ao longo deste ano tendo como base as cartas pastorais

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