O serviço no Reino de Deus
São Marcos 9.38-41
No texto que lemos me chama atenção um fato. Se voltarmos para o trecho anterior, veremos Jesus ensinando, de maneira dura, quem é o mais importante no Reino de Deus. Talvez atordoados pela resposta de Jesus, eles mudam de assunto, trazendo a tona o fato de terem repreendido uma pessoa que expulsava demônios em nome de Jesus, mas não fazia parte do grupo ligado aos doze.
Existe aqui um fato interessante para pensarmos. O ministério de Jesus é relatado como ligado aos doze discípulos. Este registro nos mostra que o alcance deste ministério é maior que o grupo dos doze. Havia um homem que expulsava demônios em nome de Jesus e, para escândalo dos discípulos, não caminhava com Jesus.
Deste episódio específico, quero refletir sobre duas questões que estão ligadas a atitude dos discípulos.
A primeira questão é que nos preocupamos mais com o ser que com o fazer. A grande preocupação dos discípulos, ao revelar que repreenderam um homem que não pertenciam ao grupo deles, era o fato de uma pessoa de fora estar fazendo o que até eles mesmos não haviam conseguido fazer. Havia, com certeza, um misto de inveja mas também de preocupação, afinal, eles eram “íntimos” de Jesus. Eles eram os discípulos mais próximos. Havia um sentimento de que eles eram prediletos, ocupavam um lugar de destaque.
O que Jesus revela aos doze é que, mais uma vez, eles não compreenderam que o papel do discípulo de Jesus não é atingir cargos altos, não. Se você pensa que quanto mais sobe na hierarquia da Igreja, mais próximo de Jesus você está, sinto em dizer que está enganado. Aquele homem não pertencia ao grupo dos doze, mas, possivelmente teve uma experiência com Jesus, seja direta, seja indiretamente, que o impactou a ponto de passar a evangelizar. Do trabalho dele, apenas ficamos sabendo pelo fato dos evangelistas registrarem.
Nos preocupamos muito em ser alguém na Igreja e nos esquecemos do que temos a fazer. Não podemos pensar que a missão da Igreja é de responsabilidade do pastor, dos presbíteros ou dos diáconos e diaconisas. A missão da Igreja é de responsabilidade da Igreja. A missão da Igreja é da Igreja toda, não de uma parte dela.
Portanto, vamos nos preocupar menos com o que somos na hierarquia da Igreja e sim no quanto fazemos pelo Reino de Deus.
A segunda questão sobre a qual quero refletir com vocês é que nos preocupamos mais em como do que com quem. Os discípulos estavam preocupados com o fato de que aquele homem estava fazendo algo que era, para eles, era prerrogativa exclusiva de Jesus e seus discípulos mais próximos. Eles se preocuparam em como aquele homem estava fazendo, ao invés de se preocuparem com quem estava fazendo.
Nós deixamos de lado, muitas vezes, a nossa missão em anunciar o evangelho, por nos preocuparmos em como fazer as coisas. Devemos nos preocupar com as pessoas, a forma que nossa missão vai tomar é consequência da ênfase que damos em quem queremos alcançar. Não adianta montarmos programações e programas mirabolantes de evangelismo se não nos comprometemos com as pessoas. Também não podemos pensar que somos os únicos detentores da mensagem do evangelho. Existem outros grupos e outras maneiras de se viver o evangelho que, por serem diferentes de nós, não nos fazem melhores nem piores. É preciso espírito ecumênico, ou seja, de partilha no que é comum, para se conviver com essas tradições.
Concluindo, quero convidar você a refletir comigo: será que temos nos preocupados com nossa posição na estrutura da Igreja, ou será que temos nos preocupado em realizar a nossa missão de maneira eficaz? Será que temos nos preocupados em como temos feito nossa missão ou temos nos preocupados com quem temos feito a nossa missão? Os discípulos aprenderam que é preciso estar atento, pois nem todos que são diferentes estão militando contra nós. Façamos nossa missão focados em quem queremos evangelizar. Que Deus nos abençoe.
Rev. Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo
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