sábado, 7 de março de 2009

Madalena
Olavo Bilac (1865 – 1918)

Quedaram, frio o sangue, as mulheres chorosas,
Sem cor, sem voz, de espanto e medo. E, de repente,
Caíram-lhes das mãos as ânforas piedosas
De bálsamo odoroso e de óleo recedente.

Enfeitiçou-se o chão de um perfume dormente,
E o arredor trescalou de essências capitosas,
Como se a terra toda abrisse o seio, e o ambiente
Se enchesse da jasmins, de nardos e de rosas.

E Madalena, muda, ao pé da sepultura,
Tonta da exalação dos cheiros, em delírio,
Viu que uma forma, no ar, divinamente bela,

Vivo eflúvio, vapor fragrante, alva figura,
Aroma corporal, pairava...como um lírio,
Num sorriso, Jesus fulgia diante dela.

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