segunda-feira, 10 de maio de 2010

Transfiguração

São Marcos 9.2-13

Este domingo é de fato um dia especial na vida da igreja. Relembramos o episódio da transfiguração. O relato, presente nos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), vem cercados de textos semelhantes em seus conteúdos: o anúncio da Paixão de Cristo. Logo após o texto, encontramos os discípulos se questionando sobre o significado da palavra ressurreição e o que viria a ser ressurreição. Percebemos que, antes da quaresma que se inicia na quarta-feira, temos um domingo que nos lança um enigma: qual o sentido da transfiguração? Por que foi importante para os discípulos presenciarem aquele episódio?

Na transfiguração a manifestação da soberania de Deus. No monte Pedro, Tiago e João juntos passam a ver Jesus conversando com Moisés e Elias. Olhamos para esta cena e a principio podemos nos maravilhar com o fato de Jesus conversar com Moisés e Elias. Por que justo eles? Ora, quem foi Moisés se não o libertador do povo judeu da escravidão no Egito? O homem que, escolhido por Deus, enfrentou o Faraó, o Mar, o Deserto, a intriga e oposição e cumpriu o propósito de Deus em tirar seu povo do Egito, mas principalmente, Moisés é conhecido como o autor das leis, aquelas leis nas quais os escribas e fariseus tanto inquiriam Jesus.

Elias, quem foi o profeta se não aquele que não morreu, mas sim fora elevado aos céus? Não fora Elias que derrubara com a força de Deus os mais de 400 profetas de Baal no monte Carmelo? Não é Elias, portanto, um dos profetas mais mencionados nos Novo Testamento?

Com a presença de Moisés e Elias conversando com Jesus vemos a manifestação da soberania de Deus ao mostrar que o que diz a Lei (Moisés) e o que diz os profetas (Elias) cumpre-se em Jesus.

Ao olharmos para nossos dias devemos nos lembrar que não desprezamos o que diz a lei e os profetas, porém, eles apontam para Jesus, o Senhor da vida, que cumpre perfeitamente a vontade de Deus unindo o passado, o presente e o futuro, visto que a visão nos mostra Jesus glorificado, em veste resplandecentes.

Assim, a transfiguração nos mostra a soberania de Deus ao mostrar-nos, numa cena simples de três pessoas conversando, o resumo de seu plano para salvação do homem.

Na transfiguração o reconhecimento do Senhorio de Jesus. Porém não eram apenas Moisés, Elias e Jesus que conversavam, chegou ali uma quarta voz, que não assumira a forma humana, mas antes veio como nuvem de onde saiu uma voz que dizia algo que Jesus e o povo já havia escutado antes: este é o meu Filho amado, a Ele ouvi! Deus, o próprio Deus estava presente naquele momento encerrando a cena como que levando consigo a Moisés e Elias.

Um pouco antes disto, porém, Pedro havia sugerido a construção de tendas, uma para cada um e a permanência perpétua no monte. Logo após estas palavras o próprio Deus revela, mais uma vez, a missão do Filho: a Ele ouvi! A sentença, já pronunciada no batismo de Jesus, nos mostra o Senhorio de Jesus, porém, se o batismo anunciava que o Mestre era solidário com o pecador e dava ali o seu primeiro passo no ministério, a transfiguração nos mostra a guinada no ministério de Jesus em direção à glória, a mesma presenciada por Pedro, Tiago e João, mas esta glória não excluía a cruz.

Por não compreender os desígnios de Jesus os discípulos quiseram permanecer ali no monte, mas não era lá o lugar deles, ainda não, mas antes era preciso descer o monte. E ao retornar, curiosos e intrigados, os discípulos questionam a Jesus sobre o fato dos escribas afirmarem ser necessário primeiro a vinda de Elias. Os discípulos talvez não conseguiam perceber em sua incompreensão espiritual que o que eles acabavam de presenciar era o inicio da era messiânica. A lei, os profetas e Ressurreição juntos, conversando, cumprindo a vontade de Deus.

Na transfiguração o chamado a servir. Ao olharmos para os textos vemos Jesus glorificado, junto com Moisés e Elias. Assistindo a cena Pedro, Tiago e João. Um relato intrigante, mas que não está solto no nada dentro do relato de Marcos. Antes de nos falar da transfiguração e após a descida do monte, o evangelista nos mostras dois episódios muito interessantes. O primeiro, antes da transfiguração, nos convida a carregar a própria cruz, a sermos cristão ativos e vivermos o Reino de Deus. O texto posterior, após a descida do monte, nos mostra a cura de um jovem possesso que os discípulos de Jesus não conseguiram expulsar. Em ambos os casos somos chamados a reconhecer que dependemos de Jesus. No primeiro, para que caminhemos com a nossa cruz ao seu lado, no segundo, para que reconheçamos que é Ele quem opera a Sua santa vontade.

O que faz, portanto, a transfiguração entre estes dois relatos? Ora, nos mostra que se não compreendermos as Leis, os Profetas e a Ressurreição, não poderemos compreender a vontade de Deus para nós! Nos mostra como as Leis e os Profetas convergem diretamente para Jesus o autor e consumador da nossa fé e da vontade de Deus!

Concluindo. Concluímos assim que a transfiguração é a manifestação plena da vontade de Deus para os homens, a revelação completa de Sua obra e propósito. Para Jesus, foi a guinada final em direção à cruz. A partir de agora, entramos num período de reflexão em direção à cruz de Cristo. Vamos reviver a cada domingo, os passos de Jesus em direção à morte e ressurreição. Olhemos para o episódio no monte da transfiguração como a esperança de que apesar das dificuldades e da nossa incapacidade, Ele é soberano em nossas vidas e nos guia pelo melhor caminho.

Rev. Giovanni Alecrim

Um comentário:

Alcançados para Alcançar disse...

Jesus é o caminho!!!

Abçs.
Victor e Fernanda