terça-feira, 13 de outubro de 2009

Solidão
Salmo 22.1-15

Angústia permanente. Tristeza. Olhar perdido no nada. Vazio. Solidão. Insônia. Falta de vontade de fazer qualquer coisa. Lágrimas que caem descontroladamente.

Tudo isso caracteriza uma pessoa que passa pelo sofrimento. Sofrimento que corrói de dentro para fora o ser humano. Sofrimento da alma. O Salmo 22 é o cântico angustiado de uma pessoa profundamente angustiada. Todos, em certa medida, experimentamos estes sentimentos em nossas vidas que o salmista tão bem soube expressar em versos.

Quantas vezes erguemos nossos corações e nossos olhos para Deus e parece que ele não nos ouve. Por vezes, lutamos com Deus diariamente, por anos a fio, pedindo a ele que nossa angústia e sofrimento encontre solução, e passamos a vida sem perspectiva.

Precisamos compreender que nossa angústia nos consome física e espiritualmente. É preciso ter a consciência de que nossa dor, sofrimento e angústia não podem ser ocultadas em nós mesmos. É preciso colocar para fora de nós os sentimentos que nos consomem. Nessas horas, se tens um amigo com quem possa contar, é nele que você se apóia. Porém, nossos amigos também tem seus limites. Haverá momentos em que estaremos realmente sós, sem apoio, sem ninguém e até mesmo Deus parecerá distante demais para contarmos com ele.

O que mais me surpreende em toda a angústia e sofrimento despejado pelo salmista nos versos iniciais é que ele, em momento algum, deixa de confiar em Deus e tem a absoluta certeza, que mesmo sem ouvir a voz de Deus, Deus cuida dele a todo instante. “Desde que nasci, tu tens sido o meu Deus”.

O sentimento mais contraditório que conheço é o da solidão. Em uma cidade como São Paulo, mais contraditório ainda. Digo isto, pois a solidão é extremamente cruel, capaz de minar a vida de uma pessoa, porém com o tempo ela se torna confortável, com suas vantagens e acabamos contagiados por ela. O salmista revela a face ruim da solidão. Seu corpo sofre as consequências da dor de sua alma. “O meu coração é como cera derretida”. Não há mais o fogo da paixão pela vida queimando em seu peito, apenas a sensação de estar morto. Sem forças.

Tudo isso, me faz pensar no quanto a dor na alma é capaz de minar nossos sonhos e esperança. No quanto uma alma sofrida é capaz de aguentar e por quanto tempo. Quantos de nós aqui temos nossas almas profundamente marcadas por dor e sofrimento. Mas toda a dor e sofrimento tem seu fim. O salmista confia em Deus, no Deus que, mesmo não o sentindo por perto, ele sabe que zela por ele. Ele sabe que pertence a Deus.

Quero concluir dizendo a você, que importa sim o tamanho da sua dor e o tamanho do seu sofrimento. Importa sim, pois temos que saber o nosso limite. Nosso corpo e nossa mente reagem à dor de nossa alma, por isso precisamos saber a hora certa de buscarmos ajuda, seja em amigos, seja em profissionais que nos ajudarão a caminhar para buscar a solução de nossas angústias. A dor é forte. O sofrimento é grande. Maior é Deus, que mesmo nós não o sentindo, está perto de nós e pronto a nos ajudar. Que Deus, em seu infinito amor, faça nossa alma recuperar seu vigor, dia após dia.

Rev. Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo

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