O culto agradável
Você já ouviu alguém reclamando que o culto estava chato? Talvez tenha ouvido alguém dizer que o culto não lhe acrescentou nada. Quem sabe você mesmo já tenha dito que os cultos deveriam ser mais alegres e vibrantes. Afinal, o que é um culto agradável e como ele deveria ser? A quem o culto deve agradar? A Deus, aos seres humanos ou a ambos? Será que o que agrada aos humanos é o mesmo que agrada a Deus? O que determina um culto agradável?
Para responder estas perguntas, é preciso primeiro fazer outra pergunta: O que é relevante, necessário e mais importante no culto?
A centralidade do culto
Na compreensão de muitos evangélicos, pentecostais e carismáticos, o ponto alto do culto é o louvor. Além disso, em tais cultos há um forte apelo nos dízimos e grande ênfase nas curas. Isso mostra um culto altamente centralizado nas ações humanas.
Os luteranos, porém, ensinam e confessam que o culto está centralizado na Palavra de Deus e nos sacramentos: Batismo e Santa Ceia. Eles são os meios pelos quais Deus nos mostra a grandeza do seu amor, nos chama ao arrependimento, nos acolhe, nos perdoa e salva. Através deles recebemos pela fé, de graça, tudo o que Cristo fez pela nossa salvação. O enfoque principal do culto, então, sempre estará no que Deus faz por nós e não no que nós fazemos para Deus. Assim, no culto, receber é mais importante do que dar; ouvir, mais importante do que falar e cantar. Pois o que Deus tem a nos dizer e dar é infinitamente maior do que aquilo que ele recebe de nós.
A nossa resposta
O que se pode dizer então sobre os hinos que cantamos, sobre as ofertas que levamos; não são importantes? Sempre serão importantes e Deus sempre quer o melhor de nós. Assim, em resposta ao grande amor de Deus, cantamos com alegria e “com tudo o que somos e temos” trazemos o melhor das nossas ofertas. Mas o centro e a grandeza do culto não estão nisso. Ainda que a nossa parte no culto seja importante, o que Deus tem a nos dizer através da sua Palavra e dar através dos sacramentos sempre é mais importante. O que nós fazemos é um resultado do amor e da graça de Deus. A nossa parte vem sempre como resposta ao que Deus diz e faz. Primeiro vem o que Deus faz por nós. Depois o que nós fazemos para Deus.
O culto que agrada
Por que então se diz que muitos cultos são frios, cansativos, pouco atraentes? Possivelmente por dois motivos.
Primeiro, porque não conseguimos anunciar o evangelho em toda sua grandeza, nem valorizamos a Santa Ceia como deveríamos. O problema, então, pode estar no pastor quando não prepara seus sermões e o culto com profundidade. Pode também estar na congregação que pouco se envolve com o culto, apenas participa.
Segundo, pela compreensão errada de culto. Talvez, motivados por formas de cultos não luteranos, achamos que o culto, para ser agradável, precisa ter muita música, muito louvor, muitos instrumentos musicais e muita emoção. Enfim, tem que ser um culto-show. Mas em cultos assim, caímos no perigo de projetar a nossa ação acima da ação de Deus e tornamos a nossa atividade como sendo a parte principal do culto, onde queremos falar mais do que ouvir.
O culto que agrada a Deus sempre é determinado pelo que Deus revelou e faz através da sua Palavra e dos sacramentos. Nada é mais agradável num culto do que ouvir que os pecados estão perdoados. E a melhor maneira de adorar a Deus é escutar as palavras de Jesus, guardá-las no coração e receber com alegria o corpo e sangue de Cristo.
David Karnopp é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Mensageiro Luterano, Nº3, Ano 92, Março 2009
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