Quem se auto ajuda?
No centro da praça, de baixo de um suntuoso carvalho, papelões se mexem. Olhando um pouco melhor, percebe-se que cobrem um corpo que tenta se proteger do frio da noite. O mato ao redor do carvalho está repleto de sacos de lixo abertos e espalhados. Pessoas passam apressadamente ignorando o frio existente por baixo daquele papelão.
Um rapaz se aproxima, sacola na mão, passos cuidadosos. O papelão se mexe, de dentro sai uma pessoa. Minha bituca! Deixa eu pega minha bituca! O rapaz tira da sacola um embrulho de alumínio, provavelmente um marmitex. O do papelão hesita, mas avança, duas colheradas e querendo levantar volta a gritar: Minha bituca! Devolve minha bituca!. O rapaz, assentado, segura-o. Por alguns instantes trocam olhares, não mais que isso. O suficiente para o rapaz se levantar se despedir e sair apressadamente dali. O marmitex voa longe. Que rango o quê! Que se exploda! Eu quero é mé, porra!
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