quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A autoridade suprema na Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, que se compõe de todos os Patriarcas chefes das Igrejas Autocéfalas e os Arcebispos Primazes das Igrejas Autônomas, que se reúnem por chamada do Patriarca Ecumênico de Constantinopla e sob a sua presidência, em local e data que ele determinar.

A autoridade suprema regional em todos os Patriarcados autocéfalos e Igrejas Ortodoxas autônomas é da competência do Santo Sínodo Local, que é composta dos Metropolitas chefes das arquidioceses sob a presidência do próprio Patriarca ou Arcebispo que convoca a reunião, marcando a data, o local e a ordem do dia.

Igrejas Ortodoxas Autocéfalas

Existem 14 Igrejas Ortodoxas Autocéfalas que são, geralmente, reconhecidas como tais. Uma Igreja Autocéfala possui o direito a resolver todos os seus problemas internos em base a sua própria autoridade, tendo também o direito a remover seus próprios bispos, incluindo o próprio patriarca, arcebispo ou metropolita que presida esta Igreja. Cada Igreja Autocéfala atua independentemente mantendo, todavia, comunhão canônica e sacramental plena umas com as outras.

Atualmente, estas Igrejas Ortodoxas Autocéfalas incluem os quatro antigos patriarcados orientais (Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém), assim como as outras dez Igrejas Ortodoxas que surgiram nos séculos posteriores, quais sejam: Rússia, Sérvia, Romênia, Bulgária, Geórgia, Chipre, Grécia, Albânia e Repúblicas Tcheco e Eslováquia.

Por iniciativa própria, o Patriarcado de Moscou concedeu o status de autocefalía a maior parte de suas paróquias nos Estados Unidos que passou a se denominar Igreja Ortodoxa na América; não obstante, o Patriarcado de Constantinopla reclama para si a prerrogativa de outorgar autocefalía e, por este motivo, outras Igrejas Ortodoxas ainda não reconhecem o status da Igreja Ortodoxa na América.

Das Igrejas Ortodoxas Autocéfalas, nove são Igrejas Patriarcais: Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém, Rússia, Sérvia, Romênia, Bulgária, Geórgia.

As demais Igrejas Ortodoxas Autocéfalas são presididas, seja por um arcebispo, seja por um metropolita.

Igrejas Ortodoxas Autônomas

Existem cinco Igrejas Ortodoxas Autônomas que funcionam de modo independente no que diz respeito aos seus assuntos internos, porém, sempre dependendo canonicamente de uma Igreja Ortodoxa Autocéfala. Na prática, isto significa que a “cabeça” de uma Igreja Autônoma deverá ser confirmada em ofício pelo Santo Sínodo de sua Igreja-Mãe.

As Igrejas Ortodoxas de Finlândia e Estônia são dependentes do Patriarcado Ecumênico, enquanto que a de Monte Sinai depende do Patriarcado de Jerusalém. A estas três Igrejas Ortodoxas Autônomas deveríamos acrescentar as outras duas Igrejas que Moscou outorgou autonomia: a saber: a Igreja Ortodoxa da China e a Igreja Ortodoxa do Japão, ambas filhas da Igreja Russa. Tais ações ainda não tiveram o reconhecimento oficial do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.

Patriarcado Ecumênico de Constantinopla
A Grande Igreja de Constantinopla

Principal centro eclesiástico da Igreja Ortodoxa em todo o mundo, o Patriarcado Ecumênico tem seu fundamento histórico no Pentecostes e nas primeiras comunidades cristãs fundadas pelos santos Apóstolos.

Conforme a Tradição, Santo André, “o Primeiro-Chamado“, anunciou o Evangelho nas vastas regiões da Ásia Menor, do Mar-Negro, da Trácia e da Acáia onde foi martirizado. No ano 36 d.C fundou a Igreja Local em Bizâncio, às margens do Bósforo, mais tarde, Constantinopla - cidade de Constantino (atual Istambul, na Turquia). Santo André, o santo Patrono do Patriarcado Ecumênico, é comemorado no dia 30 de Novembro no calendário eclesiástico.

O título de Patriarca Ecumênico data do 6º século d.C, sendo um privilégio histórico exclusivo do Arcebispo de Constantinopla, ultrapassando as fronteiras estatais e étnicas. O Patriarca Ecumênico é o Líder espiritual de aproximadamente 300 milhões de cristãos ortodoxos em todo o mundo.

O Patriarcado Ecumênico

O Patriarcado Ecumênico tem sua sede em Constantinopla, atual Istambul, na Turquia. É também denominado “Igreja de Constantinopla”, ou “Santa Grande Igreja de Cristo”. Os teólogos não ortodoxos e os estudiosos usam habitualmente a expressão convencional de “Igreja do PHANAR”.

Esta Igreja nasceu da pregação do apóstolo Santo André e, por isso, é uma sede apostólica. A partir de sua fundação, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla assumiu o papel de guia espiritual, de promoção civilizadora e de influência mundial. Por vários séculos, povos e nações tiveram a positiva influência do Patriarcado Ecumênico e, graças à feliz ação evangelizadora e missionária irradiada desde este Centro, “ressuscitaram em Cristo”. Assim se formaram diversas Arquidioceses Ortodoxas que, sob a fúlgida guia espiritual e proteção da sede constantinopolitana, defenderam a fé cristã das várias heresias que a ameaçavam.

O Patriarcado Ecumênico é um dos cinco antigos Patriarcados da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja. No primeiro milênio a Igreja, como é conhecido, era constituída pelos Patriarcados de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Após o cisma de 1054 a Igreja indivisa do primeiro milênio se dividiu na Igreja Ocidental (o Patriarcado de Roma) e na Igreja Oriental (os outros Patriarcados do Oriente). No seio destes últimos o Patriarcado de Constantinopla assumiu o primeiro lugar como juiz plenipotenciário na eventualidade de disputas de qualquer espécie entre os outros Patriarcas.

A proeminência do Patriarca de Constantinopla já é atestada no século VII quando passou a receber o título de “Ecumênico”. Tal expressão indica o seu primeiro posto – primus inter pares – quer pelo poder assumido, quer pelo esplendor espiritual entre todos os Patriarcas do Oriente.

Compete ao Patriarca de Constantinopla:
Convocar Sínodos, Pan-ortodoxos, ou Locais;
Exortar os Metropolitas e vigiar sua atuação;
Julgar e decidir em mérito a instâncias, recursos etc., da parte dos Metropolitas;
O direito do “Stavropighion”, isto é, o direito de pôr sob seu controle direto os mosteiros e as igrejas dos bispos sob sua jurisdição.

Após a queda do Império Otomano o Patriarcado Ecumênico foi reconhecido como “Instituição Pan-ortodoxa”. Durante a Conferência Pan-ortodoxa de 1961, na ilha paulina de Rodes, o Patriarcado Ecumênico, por unanimidade, foi reconhecido como representante espiritual da Ortodoxia. Sob a guia do Patriarca Ecumênico Atenágoras I, o Patriarcado Ecumênico distinguiu-se particularmente, elevando-se a um plano de notável prestígio. Recentemente, com a guia do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, atingiu um alto nível de honra e respeitabilidade.

Atualmente, seguindo a indicação de seu predecessor o Patriarca Dimítrios I, de santa memória, o Patriarca Bartolomeu I continua o sereno “caminho de amor, de paz e de unidade”, visitando os antiqüíssimos patriarcados do Oriente Ortodoxo e se encontrando com povos e autoridades religiosas e políticas. A todos dirige sua afetuosa mensagem de paz e de unidade.

Através destes discursos iluminados pela Fé e de Esperança, o Patriarca Ecumênico se faz próximo dos povos que sofrem, demonstrando seriedade, dignidade e sabedoria em sua missão e sua feliz atividade em seu favor. Desta maneira, suas intervenções testificam sua colaboração pela consolidação da paz no mundo, pelo cessar da guerra, pelo respeito ao homem e a sua liberdade, pois o homem, sendo criado por Deus, é a sua imagem e semelhança e tem direito a uma vida digna e a uma verdadeira prosperidade.

Síntese Histórica:

Fundou a Igreja de Constantinopla o Apóstolo André, o Primeiro-Chamado.

Transferiu-se a capital do Império Romano, da cidade de Roma para Constantinopla, "Nova Roma" após assentamento de seus alicerces, em 328 A.D. e a respectiva inauguração em 537.

Colocou a pedra fundamental da Igreja "Hagia ," em 532, no reinado de Justiniano, o Grande e fora inaugurada em 537.

O dissídio dos Armênios, da Igreja de Constantinopla, verificou-se em 554.

O Sínodo Ecumênico (II), conferiu ao Bispo de Constantinopla a primazia de honra, depois do Bispo de Roma e o Título de Patriarca, porém o IV Sínodo Ecumênico concedeu-lhe as mesmas honras e primazia dos quais tem direito o próprio Bispo de Roma e em 587 foi-lhe conferido o Título de Ecumênico, na era do Patriarca João o Mnisteftis.

A Igreja de Constantinopla admitiu na Cristandade as congregações sérvias, croatas, búlgaras e russas, auxiliando ainda as traduções do Santo Evangelho para as línguas: Gotha, Armênia, Cassuinia e Eslava, graças aos esforços de seus missionários e pregadores, como aos batalhadores Cirilo e Metódio.

Com a guerra dos iconoclastas (imagens) no ano de 723, na época de Leão o Isavro e terminou em 842 na era do rei Mikhail e sua mãe Teodora.

Os cruzados conquistaram Constantinopla em 1204 e foram expulsos em 1261;

O Cisma entre as Igrejas Oriental Ortodoxa e Ocidental Romana verificou-se em 1054, na era do Patriarca Ecumênico Mikhail Cyrolario e do Papa Leão IX.

A queda de Constantinopla nas mãos do Sultão Muhámad, o Conquistador, verificou-se em 1453.

Estabeleceu-se definitivamente em Fanar de Constantinopla o Patriarcado Ecumênico, em 1600.

A Academia de Teologia de Halki fora construída em 1844.

O governo turco aboliu a indumentária clerical em 1935.

Patriarcado Grego Ortodoxo de Alexandria

Fundou a Igreja de Alexandria o Apóstolo São Marcos;

Fora conferido o Título de Papa, pela primeira vez na história, ao Patriarca Hiraclas, em 232 e depois ao Patriarca Teófilo em 390, porém, o Sínodo Ecumênico IV conferiu ao Bispo de Alexandria o título de Papa e Patriarca e deu-lhe o segundo lugar após o Patriarca de Constantinopla;

O Cisma dos Coptas, da Igreja de Alexandria, verificou-se em 451, continuando os conservadores Ortodoxos, seguidores do Rei de Constantinopla, de Melquitas;

Malograram as tentativas do Patriarca Kyro, no sentido de unificação das Igrejas Ortodoxa e Copta, em 643, por motivo de seu falecimento e, separou-se definitivamente a Igreja Copta da Igreja Ortodoxa em 662, na era do Patriarca Copta Benjamim;

Foram coroadas de êxito as tentativas de paz do Patriarca Teófilo, de Alexandria, entre o Patriarca Eergios II, de Constantinopla, e o Rei Basílio Bulgaroctono e fora o Patriarca Teófilo congnominado de "Juiz Ecumênico," especializando-se os Patriarcas e Papas de Alexandria no uso desse título, com o direito de usar duas Mitras e dois "Petrarchiles," durante a Santa Missa;

No ano de 1210, o Papa Inocêncio III, de Roma, tentou uma aproximação com o Papa e Patriarca de Alexandria, Nicolau I e, no ano de 1211, solicitou dele a ordenação de um diácono latino, Padre, no que fora atendido, e no ano de 1213, pediu-lhe que tomasse parte no Concílio de Lateranensa e foi representado;

No ano de 1555 os protestantes iniciaram o movimento de aproximação com a Igreja de Alelxandria e no ano de 1581 tiveram lugar as conversações entre o Patriarca de Alexandria e Suleiman Schueiger, sobre as diferenças existentes entre a Ortodoxia e o protestantismo, repudiando o Calendário Gregoriano;

Em 1594, sugiram tentativas de união entre a Igreja Ortodoxa e Copta, na era do Patriarca Ortodoxo Melétio Pigas e do Patriarca Copta Gabriel;

Em 1616, estreitaram-se as relações de harmonia e de fraternidade entre o Patriarca Cyrilo Lukari e o Arcebispo de Canterbari Abbo e, em 1617 juntou-se Teofani Kriptopolo aos Institutos Teológicos da Igreja Anglicana;

Em 1764, fora construída a primeira Igreja Ortodoxa em Londres pelos esforços do Papa e Patriarca Mateus, de Alexandria;

Na era do Patriarca Ortodoxo Kaliniko e do Copta Kyrillo, o Porfirio Hospinsky empenhou-se ativamente em prol da união das Igrejas Ortodoxa e Copta.

A Igreja de Antioquia

O Patriarcado de Antioquia é um dos grandes centros do cristianismo, desde os tempos do Novo Testamento (Atos 11:26). A origem da comunidade cristã data da mesma época dos apóstolos e sua importância, como centro de sua estrutura política, assumiu um papel preponderante. No início, Antioquia foi a primeira cidade-Rainha, capital do Império Romano do Oriente, estendendo sua jurisdição eclesiástica e influência por todo o Médio e mais longínquo Oriente. Em virtude de razões administrativas a Igreja foi organizada por distritos eclesiásticos: Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém, embora cronologicamente, o inverso seja a ordem de fundação das Igrejas. Cada um destes cinco antigos Patriarcados - a Pentarquia - foi centralizado numa cidade particular, porém, a Igreja controlava exaustivamente cada uma destas dioceses. O Trono da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja, manteve-se unido até a separação de Roma de suas Igrejas-irmãs, no século XI (1054)

A Era Apostólica:

Durante este período, Antioquia foi o mais proeminente dos cinco Patriarcados. Sua história é parte essencial da Igreja, dando personalidade própria ao trono eclesiástico. Sua riqueza teológica demonstra a dinâmica da natureza primordial da Igreja Cristã de Antioquia. A mais famosa referência do Novo Testamento relata que, em Antioquia os primeiros seguidores de Jesus Cristo foram chamados de cristãos (Atos 11:26). Os livros dos Atos relatam o que aconteceu nos primeiros anos da Igreja. Antioquia é a segunda cidade, em importância, a ser citada. Nicolas, um dos sete diáconos, ali se converteu, e talvez tenha sido o primeiro cristão nesta cidade (Atos 6:5). Cristãos residentes em Jerusalém foram perseguidos e se refugiaram em Antioquia. Nesta época, Santo Estevão foi morto, tornando-se o primeiro mártir da Igreja.

A tradição da Igreja sustenta que o Trono de Antioquia foi fundado pelo Apóstolo Pedro, no ano 34 (Atos 2:26). Pedro foi seguido em suas atividades por Paulo e Barnabé, que evangelizaram, ao mesmo tempo, os gentios e os judeus. Em Antioquia, ocorreu o incidente entre Pedro e Paulo sobre a necessidade da circuncisão para conversão. Através de uma resolução do Sínodo de Jerusalém, em 52, presidido pelo Apóstolo São Tiago, aplicou-se a evangelização para todos os gentios.

Foi também de Antioquia que Pedro e Barnabé partiram para grandes jornadas missionárias em terras estrangeiras. Os apóstolos tinham que cumprir um ministério universal: "Ide e pregai o Evangelho a toda a Criatura e todos os que crerem e forem batizados serão salvos".

Após permanecer sete anos em Antioquia, o Apóstolo Pedro foi para Roma. Para sucede-lo, no Trono, foi nomeado Evodios.

As realizações pelo cristianismo no Trono de Antioquia são citadas no Novo Testamento, como as de maior destaque da História Eclesiástica. O Trono de Antioquia continuou com suas gloriosas contribuições para a Igreja, através de numerosas personalidades: Santo Inácio de Antioquia, por exemplo, reverenciado como mártir, na época do Imperador Trajano, no começo do século 11. Inácio deu à Santa Igreja inúmeras epístolas, consideradas os primeiros documentos cristãos após o Novo Testamento, escritas na rota de seu próprio martírio em Roma.

A Igreja Ortodoxa sente-se orgulhosa por estas epístolas terem sido produzidas, ainda em seu seio, assim como também sucedeu com todos os principais documentos, ficando assim asseguradas a sucessão apostólica, a Eucaristia e todos os elementos e sacramentos essenciais da fé cristã.

A Era dos Santos Padres:

Junto a Inácio e Teófilo, muitos outros teólogos antioquenos foram reconhecidos como padres da Igreja, como São João Crisóstomo, brilhante pregador e pastor de Antioquia, do século IV, que elaborou a Divina Liturgia na forma como é celebrada até hoje.

Na lista dos inumeráveis padres da Igreja junta-se o de São João Damasceno, que foi o primeiro a compendiar de modo sistemático toda a Teologia Ortodoxa. Os Santos Padres defenderam e sistematizaram a verdadeira doutrina da Igreja Ortodoxa. Entre eles, encontramos, São Basílio, São Cirilo de Alexandria, São Cirilo de Jerusalém, São Gregório Nazianzeno, São Gregório de Nissa, Orígenes, Santo Efrém, o historiador Eusébio. No Ocidente, Santo Agostinho de Hipona, São Jerônimo, Santo Ambrósio, Santo Hilário de Poitiers, São Gregório Magno, São Leão Magno, entre outros.

Antioquia e os Concílios Ecumênicos:

No princípio do século V, o Patriarcado de Antioquia e sua hegemonia eclesiástica havia se estendido a Chipre, Palestina, Arábia e Mesopotâmia. Todos sob a influência antioquena, junto às Igrejas da Geórgia e Pérsia, cresceram muito espiritualmente. Mas não se passou muito tempo até que aparecessem os conflitos doutrinários dentro da Igreja.

No século V, o Patriarca de Constantinopla, Nestório, natural de Antioquia, foi condenado pelo Concílio de Éfeso (431) por seus ensinamentos errôneos. O Trono de Antioquia reconheceu sua condenação, mas não pôde evitar o aparecimento da Igreja Nestoriana ou Igreja da Assíria, quebrando assim a unidade ortodoxa.

Mais tarde, no século VI, o erro monofisita, se opôs a São Cirilo de Alexandria, ganhando muitos adeptos na Síria e outras regiões do Império. Como no caso de Nestório, muitos cristãos, incluindo os de Antioquia, opuseram-se à condenação e estabeleceram o erro monofisita, chamado também de jacobina, afetando o Trono de Antioquia. Ao mesmo tempo, a extensão geográfica do Patriarcado foi se reduzindo. Por decisão dos Concílios Ecumênicos, em 431, a Igreja de Chipre conseguiu sua independência de Antioquia e em 451, o Patriarcado de Jerusalém estabeleceu jurisdição sobre a Palestina. Nos primeiros anos do século VII, o Império Bizantino foi atacado pelos persas e então, quando se tratava de estabelecer uma unidade entre os jacobitas monofisitas contra os invasores, o Imperador Bizantino surgiu com a comprometida doutrina do Monotelismo. A Ortodoxia, porém, não aceitou tal proposição político-religiosa que ia contra a fé e durante o Concílio de Constantinopla (680), o Monotelismo foi condenado, como doutrina rrônea.

Neste tempo, apareceram através de acirradas disputas, as Escolas de Antioquia e Alexandria. A Natureza da Santíssima Trindade, a Natureza de Cristo: Divino-Humana, etc.

Declínio da Cidade de Antioquia:

Na época da Igreja Primitiva e da criação dos Patriarcados, a cidade de Antioquia pertencia à Síria, da qual veio a ser capital no século I. A cidade de Antioquia e seu Patriarcado começaram a sofrer paulatino declínio, no início da administração ocidental da Igreja, seguido de ataques e ocupações de culturas hostis a todos os elementos religiosos. A cidade foi capturada pelos persas em 538, novamente em 540 e ainda em 611.

Antes que os bizantinos recuperassem seu vigor sob o Imperador Heraclius, o Islã avançou sobre as terras do Oriente. Antioquia foi uma das primeiras conquistas dos muçulmanos, em 638, além de Jerusalém, Gaza e Alexandria.

Com a queda de três dos quatro principais Patriarcados Orientais. Antioquia, Jerusalém e Alexandria - a importância de Constantinopla começou a perder o seu prestígio. Existiu somente como Patriarcado independente e livre como capital do Império Bizantino. Então, muitos dos Patriarcas de Antioquia encontraram resistência temporal ,na capital do Império, Constantinopla. Após a queda de Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453, foi sendo difundida a idéia entre os otomanos, de que o principal Patriarcado era o de Constantinopla (a nova Roma) como cabeça de todos os outros Patriarcados. Isso fez com que Antioquia perdesse cada vez mais sua importância como sede do principal Patriarcado Ortodoxo de toda a Antiguidade cristã .

Em 1154 Antioquia foi reconquistada pelas forças orientais do Imperador Bizantino Emmanuel Gemnenus, que insistiu no esplendor do Trono de Antioquia como um retorno aos tempos primitivos. É desta época famoso canonista Theodoro IV (Balsamon), século XII. Teodoro rebelou-se contra a ocupação latina e todas as conseqüências através dos anos de ocupação.

Durante os séculos seguintes os Patriarcas de Antioquia foram consagrados por Sínodos Antioquenos celebrados na Síria, Quando os mamelucos sultões do Egito chegaram ao poder, aproximadamente entre os anos 1260 e 1269, os Patriarcas Antioquenos quiseram voltar ao trono de sua antiga sede, mas isto não lhes foi permitido e a partir daí o Trono Antioqueno foi levado para Damasco, na Síria, no século XIV. Desta forma o Patriarcado foi identificado, cada vez mais, por sua população árabe cristã que manteve suas tradições ortodoxas bizantinas.

A cidade de Antioquia foi reduzida, através de guerras e sucessivas ocupações a uma pequena população cristã e ínfima fração da Igreja.

Síntese Histórica:

Os fundadores da Igreja Antioquena são os Corifeus dos Apóstolos, Pedro e Paulo;

O primeiro Concílio Ecumênico reconheceu no Bispo de Antioquia a primazia sobre todos os Bispos do Oriente, tendo o segundo Concílio confirmado a decisão do primeiro Concílio. O Terceiro Concílio Ecumênico reconheceu a a independência da Igreja de Chipre que se separou da Igreja Antioquena. O IV Concílio Ecumênico concedeu ao Bispo de Antioquia o Título de Patriarca, colocando-o na terceira categoria, após os Patriarcas de Constantinopla e Alexandria;

Os Assírios separaram-se da Igreja Antioquena em 451, os Caldeus em 498 e os Armênios em 538;

Separou-se definitivamente a Igreja Siriana Jacobita da Igreja Antioquena em 513;

Os Maronitas declararam-se independentes do Patriarcado Antioqueno em 685 e submeteram-se ao Bispado Romano em 1183, na era do Patriarca Ermia Hamchiti;

Em 1050 desligaram-se os Gregorianos do Patriarcado Antioqueno;

Os cruzados ocuparam Antioquia em 1098 e foram deslocados pelos árabes em 1648;

O Patriarcado Antioqueno estabeleceu-se em Damasco no ano de 1342;

Nos princípios do século XVI, começaram as missões religiosas européias a se fazerem presentes no Oriente;

O Patriarca Makario, filho do Zaim Al-Halabi, empreendeu uma visita histórica à Rússia e todos os Países Balcânicos, em 1648;

Em 1724 verificou-se a dissidência dos gregos católicos da Igreja Antioquena;

Em 1830 foi construído o Seminário de Balamand;

Em 1913, o Patriarca Gregório IV (Haddad) empreendeu a sua afamada visita à Rússia;

O Patriarca Alexandre III (Tahan) empreendeu diversas excursões pela Rússia (de 1945 a 1958), Bulgária, Romênia, Sérvia, Grécia e os Patriarcados Apostólicos de Constantinopla, Alexandria e Jerusalém, concitando os Ortodoxos à união e à congregação;

O Patriarca Antioqueno Alexandre III festejou suas Bodas de Ouro Episcopais em 1954 e as bodas de Prata Patriarcais em 1956.

Patriarcado Grego Ortodoxo de Jerusalém

Dada a particular a associação com a vida de Jesus e de sua primeira comunidade de discípulos, Jerusalém teve sempre uma grande importância para a cristandade. Tendo recebido a fé cristã, a aceitação de grande parte da população do Império Romano e o prestígio de Jerusalém cresceram na mesma proporção.

O Imperador Constantino, que foi quem deu grande impulso à fé cristã no Império, construiu magníficas basílicas sobre alguns dos santos lugares no século IV. O monacato chegou a região da Palestina ao mesmo tempo em que as comunidades monásticas eram fundadas no Egito, alcançando um grande florescimento neste território, especialmente na região desértica situada entre Jerusalém e o Mar Morto.

No ano 451, o Concílio de Calcedônia decidiu elevar a Igreja de Jerusalém à honra de Patriarcado; deste modo, três províncias eclesiásticas e cerca de sessenta dioceses foram separadas do Patriarcado de Antioquia, passando a depender da Jurisdição de Jerusalém. Sob o domínio bizantino, Jerusalém se transformou em destino obrigatório das peregrinações na sua qualidade de "Igreja-Mãe", o que lhe valeu grande desenvolvimento e prosperidade.

As invasões dos persas no ano de 614, e a dos árabes em 637, puseram ponto final àquela época dourada de prosperidade. Muitos templos cristãos e monastérios foram destruídos, e grande parte da população, originalmente cristã, foi paulatinamente se convertendo ao islã.

No ano de 1099 os cruzados tomaram Jerusalém e estabeleceram um Reino Latino que duraria cerca de um século. Durante este período, a Sé de Roma criou o Patriarcado Latino de Jerusalém, que se mantém até os dias atuais. Este Patriarcado Latino, entretanto, não conseguiu suplantar o Patriarcado Greco-ortodoxo de Jerusalém e, uma sucessão de Patriarcas Gregos continuaram existindo no exílio, residindo geralmente em Constantinopla. Os Patriarcas gregos voltaram a viver em Jerusalém, ou em suas imediações, logo após a queda do Reino Latino dos cruzados. A cidade de Jerusalém caiu em 1187 sob as forças turcas; em pouco tempo, porém, foi conquistada por tropas dos mamelucos egípcios, sendo reconquistada pelo Império Otomano no ano de 1516.

Durante os 400 anos de domínio otomano, houve muitas disputas entre os distintos grupos de cristãos pela posse dos lugares santos. Em meados do século XIX os turcos confirmaram o controle grego sobre a maior parte deles, conservando-se este pacto sem modificações durante a ocupação britânica (que teve início em 1917) e, sob as subseqüentes administrações da Jordânia e Israel.

O Patriarcado é governado por um Santo Sínodo presidido pelo Patriarca; os membros do Santo Sínodo não podem ser mais que 18, e todos são clérigos nomeados pelo Patriarca. A este, soma-se um Concílio Misto do qual participam leigos nas tomadas de decisões sobre alguns assuntos do Patriarcado.

O fato de que a hierarquia do Patriarcado seja grega, enquanto que a grande maioria dos fiéis são árabes, tem sido uma fonte de contínuos enfrentamentos nos últimos anos.

Desde 1534, todos os Patriarcas de Jerusalém tem sido etnicamente gregos. Atualmente, o Patriarca e os bispos procedem da Irmandade do Santo Sepulcro, comunidade monástica situada em Jerusalém, que teve sua fundação no século XVI. No dias atuais, este célebre monastério conta com cerca de 90 monges de origem grega e apenas 4 de origem árabe.

Os clérigos casados procedem em sua totalidade da população árabe local, e e esta é a razão de a liturgia bizantina ser celebrada em grego no interior dos monastérios e em árabe nas paróquias.

As antigas tensões resultantes desta situação se fizeram presentes novamente em maio de 1992, quando um grupo de ortodoxos de origem árabe fundaram o "Comitê de Iniciativa Ortodoxa Árabe", cujo objetivo é uma maior "arabização" do Patriarcado, como a única forma de preservar uma autêntica presença ortodoxa na região. Desde aquele tempo, também, foi posto em dúvida a alienação de algumas propriedades eclesiásticas e, de outros negócios financeiros do Patriarcado, demandando uma maior transparência pública das contas da Igreja. Os membros deste Comitê também reivindicaram que a hierarquia grega mostrasse um pouco mais de atenção com bem-estar da comunidade árabe-ortodoxa, apresentando o fato de que o número de escolas reduziu de sete, em 1967, para somente três na atualidade.

Em setembro de 1994 este grupo advertiu que a situação estava se agravando, o que poderia resultar num confronto ainda maior. As atividades do Comitê, não obstante, receberam forte resistência do Patriarca Diosdoros I e de seu Santo Sínodo, que defenderam a liberdade de ação da hierarquia, além de enfatizar o caráter historicamente grego do Patriarcado de Jerusalém. Esta jurisdição, no ano de 1989, fez oposição ao movimento ecumênico (tal como fez o Patriarcado Georgiano, bem como um significativo setor do Santo Sínodo do Patriarcado de Moscou), ordenando o afastamento de seus delegados de todos os diálogos teológicos bilaterais nos quais a Igreja Ortodoxa estava envolvida. O Patriarca Diosdoro I (+2000) declarou que muitas Confissões Cristãs usam este diálogos como um modo de fazer proselitismo e, dado que a Igreja Ortodoxa já possui a plenitude da fé, não necessita se submeter a questionamentos em tais discussões teológicas.

Vale destacar ainda que o Patriarcado de Jerusalém continua participando do "Conselho Mundial de Igrejas - CMI", e do "Conselho de Igrejas do Oriente Médio", e o próprio Patriarca Diosdoros firmou voluntariamente declarações conjuntas com outros líderes de Igrejas Locais, especialmente em consideração a situação em que vivem os cristãos na Terra Santa. Tais iniciativas ecumênicas preparam o caminho para a redação de um "Memorando Comum" intitulado: "Significado de Jerusalém para os Cristãos", o qual foi assinado em 23 de novembro de 1994 pelos Patriarcas Líderes de todas as Igrejas históricas presentes em Jerusalém, incluindo os mesmos Irmãos Franciscanos Guardiãos do Santo Sepulcro. Desde então, os Líderes das Igrejas que assinaram este documento, reúnem-se a cada dois meses, mais ou menos, na sede do Patriarcado Greco-ortodoxo, sob a presidência do Patriarca.

Em 22 de Agosto de 2005, o Santo Sínodo elegeu por unanimidade um novo patriarca, Theófilos III como novo Patriarca de Jerusalém. Pela primeira vez na história moderna do Patriarcado de Jerusalém um patriarca foi eleito de forma unânime".

No início do ano 2000 reuniu-se em Jerusalém o Sínodo Pan-Ortodoxo, o maior ocorrido na Terra Santa (primeiro depois de 60 anos), onde se encontraram todas as lideranças das Igrejas Ortodoxas Autônomas e Autocéfalas, deixando de lado suas diferenças para celebrar os dois milênios do Nascimento de Cristo.

Síntese Histórica:

A Igreja de Jerusalém (Mãe de todas as Igrejas Cristãs) foi fundada pelo apóstolo Jacó;

Realizou-se o Sínodo Apostólico, no ano 52, sob a presidência do Apóstolo Jacó e decidiu pela não circuncisão;

A rainha e Santa Helena descobriu a Santa Cruz em 326 e construiu a Igreja da Ressurreição e o Berço e mais outros templos sobre a gruta e o Gólgota e o sepulcro do Senhor;

O IV Sínodo Ecumênico concedeu ao Bispo de Jerusalém o Título de Patriarca, colocando-o na quarta categoria após os Patriarcas de Constantinopla, Alexandria e Antioquia, bem como reconheceu a independência da Igreja de Jerusalém da Igreja Antioquena;

Kisra II, Sharbaraz, conquistou em 614 Jerusalém e apoderou-se da Santa Cruz e transportou-a para a Madain e aprisionou o Patriarca Zacarias;

O rei Herácla recuperou a Santa Cruz em 630 e o Patriarca Zacaris regressou do exílio e a Cruz fora erguida de novo no seu lugar no Gólgota;

Em 638, o Patriarca Sofrônio entregou as chaves da Cidade Santa ao Califa Omar Ibn Al-Khattáb e recebeu dele a "Fiança de Omar," no Monte das Oliveiras;

Em 736, João Damasceno recolheu-se ao Convento de São Saba, lavrando poesias, compondo músicas e acentos tônicos para as canções e cânticos religiosos da Igreja;

Em 1099, os cruzados conquistaram Jerusalém e foram expulsos da Palestina em 1291;

A Irmandade do Santo Sepulcro fora fundada em 1523;

Houve em 1581 conversações entre o Patriarca de Jerusalém e Suleiman Schweiger para abolição das divergências entre a Ortodoxia e o Protestantismo;

Em 1741, iniciou-se a aproximação entre os ingleses (Anomate) e os Ortodoxos;

Em 1817 fora fundada a Biblioteca do Santo Sepulcro.

Patriarcado Ortodoxo de Moscou e Toda a Rússia

Até final do século X, segundo uma antiga lenda, o Grão Príncipe Vladimir de Kiev, enviou delegações às distintas regiões do mundo tendo em vista examinar as religiões que ali se professavam, a fim de decidir qual era a mais apropriada para seu reino. Quando os delegados regressaram, recomendaram a Vladimir a fé professada pelos gregos, já que, assistindo a um ofício religioso na Catedral de Santa , em Constantinopla, “nós não sabíamos se estávamos no céu ou na terra”. Depois do batismo do príncipe Vladimir, muitos de seus súditos se fizeram também batizar nas águas do Rio Dnieper no ano de 988.

Deste modo, o cristianismo bizantino converteu-se à fé dos três povos que tiveram origem a partir do antigo reino da Rus’de Kiev: os ucranianos, os russos e os bielorussos.

O cristianismo da região de Kiev floresceu por algum tempo, mas logo entrou num período de decadência que culminaria, no ano de 1240, quando a cidade de Kiev foi arrasada durante a invasão pelos mongóis. Em conseqüência disto, a maioria da população teve de fugir para o norte.

No século XIV, um novo centro de importância político-religiosa se desenvolveu nas imediações do principado de Moscou e, por esta razão, o metropolita de Kiev passou a residir ali; com o passar dos anos foi declarada como sede Metropolitana.

Quando Constantinopla caiu finalmente sob o jugo turco em 1453, a Rússia expulsava os mongóis de seu território, dando início a um pujante Estado independente.

O fato de Roma ter caído em heresia e a segunda Roma (Constantinopla) nas mãos dos turcos islâmicos, fez com que alguns russos começassem a se referir a Moscou como a “Terceira Roma” a qual preservaria a Tradição e a pureza da fé ortodoxa e a civilização romana. O czar (César) era agora o novo campeão e protetor da ortodoxia, do mesmo modo que, em outros tempos, havia sido o Imperador bizantino. A Igreja Ortodoxa Russa neste tempo já desenvolvia seu próprio estilo, tanto na liturgia como na iconografia.

Em meados do século XVII, um cisma de considerável importância teve lugar no seio da Igreja Ortodoxa Russa, quando o patriarca Nikón reformou os numerosos usos litúrgicos locais, a fim de adaptá-los aos costumes gregos. Aqueles ortodoxos que se negaram submeter-se à reforma e insistiram em permanecer com suas antigas tradições litúrgicas, passaram a ser conhecidos como os “velhos crentes”. (Atualmente, existem ainda algumas comunidades de velho-crentes que estão sob a jurisdição da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio).

O Patriarcado Ortodoxo Russo foi oficialmente estabelecido pelo patriarca ecumênico Jeremias II em 1589, porém seria abolido pelo Czar Pedro, o Grande no ano de 1721. Desde os tempos de Pedro, o Grande até Nicolau II, a Igreja da Rússia foi administrada por um Santo Sínodo sob a estrita supervisão do Estado. Apesar deste manejo tão secular da Igreja, houve no século XIX um forte ressurgimento do conhecimento teológico, da espiritualidade e da vida monástica em toda a Rússia.

Em agosto de 1917, depois da abdicação do Czar, antes da Revolução Bolchevique de outubro, o Santo Sínodo da Igreja Russa se reuniu em Moscou onde decidiram restaurar o patriarcado, elegendo o metropolita Tikón de Moscou para ocupar o trono patriarcal. Não obstante, um período de sombra caía sobre esta igreja e, antes mesmo de concluir o Sínodo, foi anunciado o assassinato do metropolita de Kiev, iniciando um período de perseguições e martírios que duraria sete décadas.

O patriarca Tikón foi um sincero e veemente crítico do comunismo em seus primeiros anos como patriarca. Depois de um ano de prisão, porém, foi forçado a moderar suas críticas ao regime. O patriarca e seu sucessor, o metropolita Sérgio forjaram juntos o “modus vivendi” com o regime soviético, sendo seguido por seus sucessores ao longo de sete décadas. A base de convivência era simples: a Igreja apoiaria publicamente o regime em todos os seus assuntos e o Estado autorizaria o funcionamento da Igreja, ainda que numa esfera muito restrita, limitando muito qualquer manifestação religiosa (litúrgica). A esta particular relação entre a Igreja e o Estado comunista se denominou “Sergianismo”.

A perseguição religiosa na União Soviética tomou formas diferentes em períodos diferentes; virtualmente, todos os teólogos e demais líderes da Igreja Ortodoxa Russa foram exilados durante a década de 20 ou executados na década de 30. Para dar uma idéia cabal da tragédia sofrida por esta Igreja, basta mencionar que, só no ano de 1937, foram detidos 136 mil clérigos dos quais 85 mil assassinados. No período compreendido entre os anos 1917 e 1939, de 80 a 85% dos clérigos da época pré-revolucionária desapareceram. Contudo, as coisas melhorariam um pouco durante o processo da II Guerra Mundial, nos anos posteriores ao governo de Stalin, até que, em 1959, Khrushchev começou a intensificar a perseguição.

Muitos templos foram fechados logo depois da revolução de 1917 e, outros tantos durante a segunda onda de fechamentos de igrejas sob o período Khrushchev (1959-1962). Cabe destacar que, enquanto no ano de 1917 a Igreja Ortodoxa contava com 77.767 igrejas (entre paróquias e monastérios) na década de 70 restavam apenas cerca de 6.800. O número de monastérios, que no ano de 1914 era de 1.498, viu-se reduzido para 12 apenas e, os 57 seminários teológicos que funcionavam na Rússia em 1914, foram reduzidos a três, na cidade de Leningrado (São Petersburgo) e Odessa.

Depois de 1990, graças as reformas do presidente Gorbachev, a situação desta sofrida Igreja melhorou radicalmente. Já no final de 1997 o patriarca Alexis II declarou que a Igreja contava com 124 dioceses, 148 bispos, 18 mil sacerdotes e 1.737 diáconos.

A Igreja Russa conta ainda com cerca de 430 monastérios, além de 60 monastérios anexos em distintas cidades; cabe também enumerar suas cinco academias teológicas, 23 seminários, 21 escolas eclesiásticas, um instituto teológico, duas universidades ortodoxas, cinco entidades que oferecem cursos de preparação pastoral e dois centros diocesanos para a formação de mulheres que prestam serviço à Igreja. Em outubro de 1992, o Instituto Teológico São Tikón de Moscou foi aberto nesta cidade para a formação de leigos sob um sistema de educação misto, ou seja, a homens e mulheres. Em fevereiro de 1993, a Igreja Ortodoxa Russa estabeleceu a Universidade de Teologia São João em Moscou.

Quanto ao fortalecimento do sentimento religioso do povo russo logo depois da queda do regime soviético, podemos mencionar distintos estudos e pesquisas de opinião como a que foi publicada em dezembro de 1993 pela Universidade de Chicago, resultando num documento que mostrava o grande crescimento da fé na Rússia. Este estudo revelou que mais de 75% da população russa acreditava em Deus, enquanto 11% dos entrevistados declarava ter sido ortodoxo durante a infância ou juventude, 28% declarou ter se tornado ortodoxo nos últimos anos, o que parece indicar claramente que o número de fiéis da Igreja Ortodoxa Russa cresceu em mais de 100%. A tendência para o ateísmo é muito forte ainda entre os jovens entre 17 e 24 anos sendo que, destes, cerca de 30% deixaram o ateísmo convertendo-se para alguma fé religiosa. Surpreendentemente, 75% dos entrevistados manifestaram um alto grau de confiança na Igreja da Rússia.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Opinião Pública da Rússia revelou que, enquanto 52% dos entrevistados se consideram crentes, apenas 2 % participam dos ofícios religiosos. Em outra pesquisa realizada por esta mesma instituição no ano de 1997, 46% dos entrevistados declararam-se não crentes e 45% se consideram cristãos ortodoxos.

Se considerarmos que estas pesquisas retratam mesmo a realidade e que 45% da população da Rússia professa a fé ortodoxa, estaríamos então falando de um universo de, aproximadamente, 66 milhões de ortodoxos só na Rússia. Em vista de informações confiáveis acerca dos fiéis ortodoxos em muitos dos novos Estados independentes da ex-União Soviética, os quais possuem importantes minorias de origem russa, o total de fiéis do Patriarcado de Moscou só pode ser dado por aproximação.

Atualmente, a Igreja Ortodoxa Russa está fortemente empenhada em adaptar-se às vertiginosas mudanças que tem lugar na sociedade russa. Nos últimos anos proibiu terminantemente a seus clérigos de participarem ativamente na política; não obstante, é notável a boa relação da Igreja com o Exército russo.

Em 1994, o governo concordou em enviar uma ajuda financeira ao Patriarcado para a reconstrução da Catedral de Cristo, o Salvador, um sólida estrutura de século XIX destruída por Stálin em 1931. O Patriarca Aléxis II fez a fundação da pedra fundamental no dia 7 de janeiro de 1995, celebrando ali a Páscoa de 1996.

No final de 1994 o Patriarca Aléxis II convocou um Concílio de bispos da Igreja Ortodoxa Russa que se reuniu sob sua presidência. Neste concílio foram tratados temas relacionados à prática litúrgica, a correta formação pastoral e teológica e o serviço que a Igreja presta à sociedade. Nesta oportunidade, a Assembléia rejeitou um pedido do setor mais tradicionalista do Patriarcado que pleiteava que a Igreja Russa se retirasse de todas as organizações ecumênicas; na oportunidade, alcançou-se um acordo unânime em condenar a atividade missionária desenvolvida na Rússia por agrupamentos metodistas procedentes dos Estados Unidos, bem como por outros grupos de evangélicos, presbiterianos e por protestantes da Koréa do Sul. Cabe mencionar que os ortodoxos russos contestam a atividade missionária católica dentro de seu território canônico.

Os bispos sancionaram um vasto programa de catequização e re-evangelização do povo russo, erigindo para este propósito uma comissão especial com o objetivo de revisar as práticas litúrgicas e seus textos, a fim de celebrar a liturgia de um modo mais compreensível para seus fiéis.

O Concílio se reuniu novamente em 1997, decidindo promover a canonização do Czar Nicolau II e sua família, fato que se concretizou no transcurso do ano 2000. Durante esta assembléia, os bispos voltaram a rechaçar as propostas de alguns membros do episcopado que reivindicavam a retirada dos delegados patriarcais do CMI – Conselho Mundial de Igrejas. Nesta oportunidade, decidiu-se pela convocação de um Conselho Pan-ortodoxo para discutir a conveniência ou inconveniência de permanecer como membros do dito Conselho Ecumênico.

Os bispos reunidos trataram ainda do diálogo bilateral com a Igreja Católico-Romana, denunciando a persistente e contínua atividade proselitista entre os fiéis ortodoxos da Rússia. Delegações de alto nível procedentes do Vaticano e do Patriarcado de Moscou se reúnem duas vezes por ano para monitorar as relações e conflitos entre ambas as Igrejas. Reconheceram com grande alegria o progresso em suas relações com as Igrejas Orientais (pré-calcedonianas) com as quais, - em virtude do diálogo – se chegou a formulações cristológicas mais claras e precisas.

Em 26 de setembro de 1997, o presidente Boris Yeltsin promulgou a “Lei sobre a Religião” da Rússia, a qual obteve pleno respaldo do Patriarcado de Moscou, já que a Igreja via a sociedade russa sob ameaça de uma grande proliferação de seitas estrangeiras, em geral, do Ocidente. Esta lei identifica a Ortodoxia, o Budismo, o Islamismo e o Judaísmo como religiões tradicionais, pondo freios às atividades de diversos grupos religiosos, estabelecendo um período de até 15 anos para a obtenção de registro de culto. Ainda que esta lei, ao que parece, tenha desagradado ou inquietado a muitos ocidentais, reflete o consenso geral da sociedade russa sobre tão espinhoso tema.

Enquanto organização interna, a máxima autoridade da Igreja Ortodoxa Russa é o Concílio Local que se compõe dos bispos, clérigos e leigos, e se reúne periodicamente. De modo habitual, a administração da Igreja é conduzida pelo Santo Sínodo, composto pelo patriarca e seis bispos diocesanos, sendo, três permanentes e os outros três temporários. O Concílio de bispos que reúne a totalidade do episcopado, incluindo também os presidentes do Santo Sínodo e os reitores das academias teológicas e seminários, é convocado a cada dois anos, aproximadamente.

A desintegração da União Soviética criou poderosas forças centrífugas entre os antigos membros, chegando a representar uma ameaça direta à unidade do Patriarcado de Moscou. Em janeiro de 1990, quando as condições já haviam mudado, o Concílio de bispos se reuniu em Moscou decidindo conceder certa autonomia a Igreja Ortodoxa da Ucrânia e da Bielorússia, convertendo cada uma delas em um Exarcado dependente de Moscou, podendo usar, opcionalmente, a denominação de Igreja Ortodoxa da Ucrânia ou da Bielorússia, respectivamente. Logo depois da dissolução da União Soviética, em 25 de dezembro de 1991, e da independência de vários países que a compunham , o Patriarcado, face a esta nova situação política, outorgou status de autonomia similar às Igrejas Ortodoxas de Estônia, Látvia e Moldávia.

Em 27 de outubro de 1990, o Concílio de Bispos da Igreja Ortodoxa Russa aboliu o Exarcado e outorgou independência e auto-governo à Igreja Ortodoxa da Ucrânia que já vinha formulando pedidos de maior liberdade. Ainda assim, tal autonomia implicava numa certa dependência da Igreja de Moscou, e o metropolita da Kiev ainda atuava como membro do Santo Sínodo de Moscou.

Logo depois da independência da Ucrânia, em 24 de janeiro de 1991, o metropolita Filaret de Kiev iniciou um processo que objetivava a total independência de sua Igreja do Patriarcado de Moscou . Em conseqüência disso o Concílio de Bispos rechaçou tal movimento em abril de 1992, e o Patriarca Aléxis II procedeu a destituição de Filaret (Disenko), nomeando para substituí-lo o metropolita Volodymyr (Sabodan) de Rostov como novo metropolita para a sede de Kiev.

Em junho, o Patriarcado de Moscou expulsou Filaret reduzindo-o ao estado laical; em conseqüência, Filaret uniu-se a Igreja Ucraniana Autocéfala que não era reconhecida como canônica por parte de Moscou nem de Constantinopla; e logo após a morte dos patriarcas Mstyslav e Volodymyr (Romaniuk) em 1995, Filaret (Disenko), se convertia no terceiro Patriarca desta nova Jurisdição. (ver Igreja da Ucrânia).

Outro conflito ocorreu com a mais recente independente República de Moldávia (antes conhecida como Besarabia) que fazia parte da Romênia até 1812, quando foi anexada a outro Estado; logo este território voltou à Romênia por um período que durou de 1918 a 1944. Em 1993, surpreendentemente, o Patriarca da Romênia decidiu recuperar sua Jurisdição sobre aquele antigo território romeno, apesar de que o Patriarcado de Moscou já havia concedido o status de autonomia à diocese de Moldávia; deste modo, os ortodoxos da República Moldávia se viram divididos entre duas diferentes jurisdições.

Delegações do Patriarcado da Romênia e de Moscou se reuniram com o objetivo de ajustar as diferenças, porém, até o presente momento não alcançaram resultados muito positivos a respeito; entretanto, o Governo de Moldávia negou registro ao metropolita de Besarabia ligado ao Patriarcado da Romênia.

Na Estônia existiu uma Igreja Ortodoxa Autônoma sob a proteção do Patriarcado de Constantinopla de 1923 a 1945, quando foi absorvida pelo Patriarcado de Moscou logo que este país foi anexado pela então União Soviética. Como conseqüência de sua independência, em 1991, houve fortes demandas para o restabelecimento desta Igreja que mantinha sua sede no exílio, mais exatamente na cidade de Estocolmo; o novo governo reconheceu oficialmente esta Igreja no exílio como a continuação legal daquela que existiu na Estônia antes da ocupação soviética, no período compreendido entre as duas Guerras Mundiais.

Em 20 de fevereiro de 1996 o Patriarcado Ecumênico restabeleceu formalmente a autonomia da Igreja Ortodoxa da Estônia sob sua jurisdição, desencadeando a pior crise na história das suas relações com Moscou. A Igreja Ortodoxa Russa se recusou a comemorar o Patriarca Ecumênico nos dípticos até o dia 16 de maio de 1996, quando foi anunciada uma solução para a crise através da criação de duas jurisdições paralelas na Estônia. Cabe, no entanto, destacar que, se bem que a maioria das paróquias se uniram a Constantinopla, um grande número de fiéis permaneceu fiel a Moscou. (Ver Igreja Ortodoxa da Estônia)

Síntese Histórica:

O apóstolo Santo André é considerado o primeiro pregador do cristianismo na Rússia;

Propagou-se a doutrina cristã na Rússia na era do Imperador de Bizâncio, Basílio I (867 - 886);

A princesa Olga da Rússia foi batizada em 975 pelo Patriarca Ecumênico Poliefcto, na Catedral "Hagia Sophia";

Em 987, Vladimir Baroslof enviou uma comissão para diversos países afim de estudarem as religiões já existentes, para depois escolher o cristianismo ortodoxo e, em 988 recebeu, com todos os componentes de seu reinado, o sacramento do Batismo;

A Igreja da Rússia se organizou perfeitamente na era de Baroslof (1016 - 1054);

O primeiro Bispo em Kiev, 1051, foi Hilarion;

O Metropolita de Moscou e de toda a Rússia fora distinguido com o título de Patriarca por iniciativa do Patriarca Antioqueno, Joaquim Edau, perante o Patriarca Ecumênico Jeremias II, em 1589, o que foi confirmado pelo Santo Sínodo em 1593, quando o Patriarca de toda Rússia foi reconhecido como ocupando o 5º lugar em honra , após o Ecumênico, o Alexandrino, o Antioqueno e o de Jerusalém;

Em 1657, o Patriarcado Russo passou a ser independente definitivamente, desligando-se do Patriarcado de Constantinopla;

O Patriarcado Russo fora abolido em 1721 e reorganizado em 1917;

Em 1929, o bispo John Bessarión, com a participação do bispo sérvio, ordenou dois novos bispos ortodoxos albaneses. Deste modo se formou um Sínodo em Tirana, capital da Albânia, e a Igreja novamente proclamou sua autocefalía. Em reação este fato, Constantinopla destituiu aos bispos albaneses e, em resposta, o governo abanes expulsou o representante de Constantinopla do país. Deste modo, se produziu de fato um cisma, mas que não duraria muito tempo já que Constantinopla, finalmente, reconheceu o status de autocefalía da Igreja Ortodoxa da Albânia, regularizando a situação em 12 de abril de 1937.

Patriarcado Ortodoxo da Sérvia

A origem do cristianismo na Sérvia é bastante obscura já que encontramos registros da atividade de missionários latinos na região costeira da Dalmácia no inicio do século VII. Sobre a atividade de missionários bizantinos encontramos registros somente no século IX, quando o Imperador Basílio I enviou missionários para lá.

Devido a sua situação geográfica, a Igreja da Sérvia oscilou entre Roma e Constantinopla, mas, finalmente, os bizantinos prevaleceram. Em 1219, São Savas, foi consagrado pelo Patriarca de Constantinopla como primeiro arcebispo de uma Igreja Ortodoxa Autônoma que, naquele tempo, residia na cidade de Nicéia, devido a ocupação das tropas latinas em sua sede Patriarcal.

O reino da Sérvia alcançou seu apogeu durante o reinado de Stevan Dushan que foi quem estendeu o poder sérvio até Albânia, Epiro e Macedônia. O rei Dushan foi coroado Imperador dos sérvios, estabelecendo um Patriarcado sérvio em Pec, no ano de 1346. Esta situação foi reconhecida por Constantinopla somente em 1375.

Os sérvios foram derrotados pelos turcos em 1389, passando assim a integrar o Império Otomano. Este suprimiu o Patriarcado Sérvio em 1459 que somente teve sua condição restaurada em 1557. Novamente foi suprimido em 1766, quando todos os bispos sérvios foram substituídos por bispos gregos sob o omofórion do Patriarcado de Constantinopla.

O surgimento de um Estado autônomo sérvio, em 1830 esteve estreitamente ligado ao restabelecimento de uma Metropólia Ortodoxa Autônoma com sede em Belgrado e também com a substituição dos bispos gregos pelos de nacionalidade sérvia.

Em 1878, a Sérvia recebeu o reconhecimento internacional de país independente e um ano mais tarde, em 1879, o Patriarcado de Constantinopla reconheceu a autocefalía da Igreja Ortodoxa Sérvia.

Em 1918, com a formação do Estado multinacional chamado Iugoslávia, as várias jurisdições ortodoxas fundiram-se em uma única, formando a Igreja Ortodoxa da Sérvia.

Em 1920, Constantinopla reconheceu a dita união, elevando esta Igreja ao status de Patriarcado.

A Igreja Sérvia sofreu duramente no período da II Guerra Mundial, especialmente na região que estava sob o controle do Estado fascista Croata, perdendo cerca de 25% de suas igrejas e mosteiros e 1/5 de seu clero. Após o estabelecimento do governo comunista em 1945, a Igreja Ortodoxa Sérvia teve que reformular sua relação com o novo Estado ateu. Durante esta época muitas propriedades foram confiscadas; a educação religiosa nas escolas públicas foram abolidas; houve preconceitos quanto os sérvios estarem num território Iugoslavo.

O Presidente Tito rompeu em 1948 com a então URSS estabelecendo melhores relações com os países do Ocidente. Com isso houve maior tolerância religiosa e uma posição mais amena em relação às Igrejas. Entretanto, a relação entre Igreja e Estado não esteve isenta de alguns arranhões , como por exemplo, na ocasião em que o governo apoiou o surgimento de uma Igreja Ortodoxa de Macedônia. Isto foi interpretado pela Igreja da Sérvia como um cisma.

Depois da desintegração da Iugoslávia , a Igreja da Sérvia envolveu-se em assuntos políticos, denunciando estrondosamente as práticas anti-religiosas do passado durante o regime comunista.

Em maio de 1992, começava a distanciar-se do governo de Milosevic.

A Igreja Ortodoxa da Sérvia , durante a Guerra da Bósnia Herzegovina, fez freqüentes apelos em favor da paz. A hierarquia da Igreja apoiou os esforços da minoria sérvia naquele país e na Croácia com o objetivo de integrar-se politicamente com a própria Sérvia.

Em 1994, os bispos ortodoxos sérvios se reuniram em Banja Luka (setor sérvio da Bósnia) e ali afirmaram que muitos sérvios estavam fora da Sérvia como resultado de fronteiras que foram artificialmente impostas pelo regime totalitário com fins administrativos, portanto, aquelas fronteiras poderiam não ser aceitas como definitivas.

Em 1996, os bispos sérvios chamaram a uma renovação moral do povo sérvio, mas perceberam que isto não se poderia conseguir, pois o sistema educacional permanecia com o espírito do antigo regime marxista. Denunciaram a reaparição de velhos métodos totalitários na sociedade e continuaram proclamando que as ações da Comunidade Internacional em Bósnia e no Tribunal de Haia, estavam predispostas contra a Nação Sérvia.

No mesmo ano, Milosevic, tratou de suprimir o resultado das eleições no qual foi condenado em duros termos pelo Santo Sínodo. Em janeiro de 1997, o Patriarca Pavle, organizou uma movimentação com mais de 300 mil pessoas pelas ruas de Belgrado, com intenções pré-democráticas.

Em meados de 1997, em um Assembléia em que se reuniram todos os bispos sérvios, fez-se um apelo aos seus compatriotas exilados na Croácia e Bósnia para regressar a suas antigas moradas, exigindo que os governos garantissem a segurança de seus compatriotas.

Os bispos também chamaram ao diálogo o governo da Iugoslávia para tratar de assuntos relativos às propriedades eclesiásticas que foram confiscadas durante o período comunista e o restabelecimento de instrução religiosa nas escolas públicas.

Quanto a questão do Ecumenismo , os bispos manifestaram abertura ao diálogo e interesse para promover a reconciliação e unidade entre os cristãos.

A mais alta autoridade na Igreja Ortodoxa da Servia é o Santo Sínodo dos Bispos, composta de todos os diocesanos que se reúnem uma vez a cada ano no mês de maio. O Santo Sínodo é constituído pelo Patriarca e pelos bispos que governam a Igreja.

Na cidade de Belgrado está o Instituto teológico (fundado em 1921). A Igreja conta com 4 seminários e uma escola para a formação de monges. São impressas 15 publicações patrocinadas pelo Patriarcado e pelas dioceses.

A Igreja Ortodoxa da Sérvia criou dioceses fora de seu país para os sérvios residentes no estrangeiro como nos EUA, Europa Ocidental e Austrália.

A Comunidade Sérvia na diáspora experimentou uma divisão em 1963 quando o Patriarcado Sérvio foi acusado de manter relacionamento com o Governo Marxista da Iugoslávia . Esta controvérsia deu origem a uma Igreja Ortodoxa Servia Livre que rompeu sua comunhão canônica com Belgrado

Em 1991, ambos grupos se reconciliaram sob a condução do Patriarca Pavle. No entanto, frise-se que por algum tempos estas jurisdições co-existiram adotando uma constituição comum somente no ano de 1998, trilhando o caminho para uma futura unidade administrativa. Até 1998, estava sob a proteção do Metropolita Irineu que morava nos EUA que, devido a uma enfermidade, foi transferido para ocupar o cargo de Administrador em Dalmácia.

Síntese Histórica:

Os povos da Sérvia adotaram o cristianismo na segunda metade do século IX (870), por intermédio de missionários enviados pelo Patriarcado Ecumênico, sendo a sede de seu bispado a cidade de Rask;

Os Papas conseguiram subjugar a Sérvia nos meados do século XI, porém na era do Rei Estêvão Niman (1159 - 1195), acabou-se a soberania de Roma sobre a Sérvia, ficando esta, entre o fluxo e refluxo políticos;

Em 1219 houve um levante na Igreja da Sérvia declarando-se o Arcebispado independente, na cidade de Ibik, e em 1346, o Santo Sínodo da Sérvia elevou o Arcebispado à categoria de Patriarcado, sem o consentimento do Patriarcado de Constantinopla, o que provocou uma dissidência entre as duas Igrejas, da Sérvia e de Constantinopla, que só veio a terminar quando as Dioceses, motivo da discórdia, voltaram para a Igreja do Patriarcado de Constantinopla;

Em 1766, o governo da Turquia aboliu o Patriarcado de Ibik, mandando submeter todas as Dioceses da Sérvia ao Patriarcado de Constantinopla, na era de seu Patriarca Samuel I;

Em 1831, a Igreja da Sérvia conseguiu a sua autonomia, sob o patrocínio do Patriarca Ecumênico e o Arcebispado de Belgrado e o Metropolita Sérvio e em 1879, declarou-se a sua independência integral na era do Patriarca Ecumênico Joaquim III.

Patriarcado Ortodoxo da Romênia

A Igreja Ortodoxa da Romênia é a única Igreja Ortodoxa de cultura latina e seu idioma, o romeno, é uma língua romana que descende diretamente da língua usada pelos soldados e colonos do Império Romano que ocuparam Dacia nos tempos do Imperador Trajano, em 106 da era cristã.

O cristianismo nesta área pode rastrear-se até os tempos apostólicos com algumas dificuldades, mas a história de seu desenvolvimento dá-se após a retirada da administração romana em 271 d.C. Certamente missionários latinos e bizantinos tiveram uma intensa atividade na região, sem dúvidas, quando os principados romenos de Moldavia e Wallachia emergiram como entidades políticas no século XIV.

A etnia romena estava fortemente identificada com a fé ortodoxa. O uso litúrgico do idioma romeno foi aprovado no ano de 1568, num Sínodo realizado nesse país.

Os séculos seguintes testemunharam o desenvolvimento de uma tradição teológica romena autóctone, apesar de que, tanto Moldávia como a Wallachia estiveram submetidas como ao Império Otomano do século XVI ao XIX. Os dois principados anteriormente mencionados foram unidos sob um só príncipe em 1859; a Romênia conseguiu a sua independência em 1878.

Como conseqüência de sua nova situação, o Patriarcado de Constantinopla, a quem a Igreja Romena estava jurisdicionada, reconheceu em 1885 a sua Autocefalía. Depois da Primeira Guerra Mundial, Transilvânia, cidade que abrigava grande número de ortodoxos romenos, foi integrada ao Reino da Romênia e, em 1925 decidiu-se elevar esta Igreja ao status de Patriarcado.

O estabelecimento de um governo comunista logo após a Segunda Guerra Mundial exigiu um novo "modus vivendi" entre a Igreja e o Estado.

Em linhas gerais, a Igreja Ortodoxa da Romênia adotou uma política de certa cooperação com o governo. Entre conseqüências boas e más oriundas desta decisão, a Igreja manteve sua presença significativa no país.

Um forte movimento de renovação espiritual aconteceu da década de 1950, quando muitas de suas igrejas permaneciam abertas e quase a totalidade de seus mosteiros funcionavam. Mas todas as atividades eclesiais eram supervisionadas fortemente pelo Regime. Nesta época funcionavam 6 seminários e dois Institutos Teológicos ( em Sibiu e em Bucarest) e se publicavam material teológico de grande qualidade, o que era considerado um grande milagre por tratar-se de um país sob um Regime de "Cortina de Ferro".

Logo após a queda de Nicolau Ceacescu, em dezembro de 1989, a hierarquia da Igreja Ortodoxa da Romênia foi severamente questionada por sua suposta colaboração com o antigo regime. Acusação esta que fez o Patriarca Teoctist I decidir-se pela renúncia de seu ofício em janeiro de 1990.

Entretanto, o Santo Sínodo, não aceitando a renuncia, em abril do mesmo ano o reconduziu ao trono como Patriarca da Igreja ortodoxa da Romênia. Desde então a Igreja parece ter recuperado sua estabilidade que permitiu experimentar um forte e sólido crescimento em suas atividades.

As relações como governo romeno se tornaram muito mais construtivas a partir da eleição de Emil Constantinescu, como presidente em 1996, que projetou a construção de uma enorme catedral em Bucareste.

Cabe mencionar que, depois da queda do Comunismo no país, a Igreja Ortodoxa da Romênia se viu envolvida em um áspero conflito com sua contra parte católica uniata ( Igreja Grego-Católica da Romênia), devido aos pedidos de devolução de alguns templos confiscados pelo Regime de 1948.

Em fevereiro de 1997, a Igreja Ortodoxa da Romênia contava com 23 dioceses e 9.208 paróquias.

Vale também destacar a abertura de 72 novas capelas dentro de hospitais, 29 em presídios, 18 em instalações militares e 13 em orfanatos e asilos. O movimento monástico contava já em 1997 com 296 monastérios (173 masculinos e 123 femininos) com 2.414 monges e 4.090 monjas. A Igreja conta com 9.174 sacerdotes. Em 1995, havia um total de 28 seminários com 5.524 estudantes, incluindo monjas e leigos. As Faculdades de Teologia foram integradas ao sistema Universitário Estatal, contando com 14 faculdades de Teologia Ortodoxa.

De acordo com o censo de 1982, 87% da população da Romênia se considerava ortodoxa e, outra pesquisa realizada e 1989, mostrou que grande parte de sua população (86%), mantinha uma imagem altamente positiva de sua Igreja.

Em 1993, o Patriarcado Romeno resolveu restabelecer sua jurisdição sobre áreas que formaram parte de seu antigo território no período compreendido entre as duas guerras mundiais; isto é, Bukovina (agora pertence à Ucrânia) e Bessarabia (hoje República Independente de Moldova).

A Igreja Ortodoxa em Moldova foi parte integrante do Patriarcado de Moscou desde a Segunda Guerra Mundial que, tempos mais tarde, concedeu-lhe o "tomos" de autônoma.

Atualmente os ortodoxos de Moldova se encontram repartidos entre as duas jurisdições que competem entre si. O governo, no entanto, apóia a jurisdição ligada à Moscou, negando, à Igreja Romena a possibilidade de registrar-se oficialmente.

O Metropolita Romeno em Moldova Petru de Bessarabia, denunciou sofrer perseguição naquele país, mas a sentença foi favorável ao governo.

Em 1929, o bispo John Bessarión, com a participação do bispo sérvio, ordenou dois novos bispos ortodoxos albaneses. Deste modo se formou um Sínodo em Tirana, capital da Albânia, e a Igreja novamente proclamou sua autocefalía. Em reação este fato, Constantinopla destituiu aos bispos albaneses e, em resposta, o governo abanes expulsou o representante de Constantinopla do país. Deste modo, se produziu de fato um cisma, mas que não duraria muito tempo já que Constantinopla, finalmente, reconheceu o status de autocefalía da Igreja Ortodoxa da Albânia, regularizando a situação em 12 de abril de 1937.

A mais alta autoridade da Igreja Ortodoxa da Romênia em assuntos canônicos e espirituais é o Santo Sínodo, composto por todos os Bispos do país e que se reúne uma vez a cada ano.

Em outro tempos a normal administração da Igreja estava a cargo do Santo Sínodo Permanente, constituído somente pelo Patriarca e os Metropolitas em exercício.

Em matéria financeira e administrativa, a mais alta autoridade é a Assembléia Eclesiástica Nacional, constituída por um clérigo e dois leigos de cada diocese, assim também como os membros do Santo Sínodo.

Fora da Romênia, a Igreja conta com quatro Dioceses e dois Vicariatos com um total de 167 paróquias servidas por 3 bispos e 170 padres.

Outra jurisdição Ortodoxa Romena presidida pelo Bispo Nathaniel Popp é integrante da Igreja Ortodoxa na América; em 1993 as duas jurisdições romenas presentes na América do Norte entraram em acordo para estabelecer relações eclesiásticas plenas e normais, terminando com décadas de incompreensões e hostilidades.

Síntese Histórica:

Propagou-se o cristianismo na Romênia graças aos esforços do Patriarcado Ecumênico, auxiliado que foi pela adoção da doutrina cristã pelos povos eslavos, por intermédio dos missionários bizantinos.

A Romênia esteve, espiritualmente, sob o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla até 1885 quando alcançou a sua autonomia sob um decreto do Patriarca Ecumênico Joaquim IV, ficando assim sob a égide do Arcebispo de Bucareste-Paláquia, na Hungria;

O Patriarcado da Romênia foi fundado oficialmente em 1925.

Patriarcado Ortodoxo da Bulgária

A presença das primeiras atividades cristãs na atual Bulgária, remonta os primeiros séculos quando um Concílio de Bispos se reuniu em Sárdica (atual ) no ano de 343.

Esta região foi depois ocupada por tribos búlgaras pagãs que tiveram os primeiros contatos com os cristãos. Um fato foi decisivo para o crescimento do cristianismo na Bulgária: o Batismo do Rei Boris I celebrado por um bispo bizantino no ano de 865, que iniciou um forte processo de cristianização do povo.

Vale observar que a Bulgária, ora esteve sob a jurisdição de Roma, ora de Constantinopla, durante muito tempo, convertendo-se em um dos mais importantes temas de disputa entre as duas tradições. No entanto os búlgaros optaram por permanecer sob a jurisdição de Constantinopla e pela cultura bizantina.

No século X , o Estado da Bulgária começou a tornar-se muito poderoso e, em conseqüência disto, no ano de 927, Constantinopla reconheceu o Rei da Bulgária com o título de “Imperador dos Búlgaros”, e ao Arcebispo de Preslav foi outorgado o título de “Patriarca da Igreja Búlgara.”

No ano de 971, o Império de Bizâncio reclamou suas terras lançando-se contra o Império Búlgaro. O Patriarca da Bulgária decidiu fugir e exilar-se na vizinha Macedônia, morando na cidade de Ohrid; no entanto este Patriarcado não sobreviveria por muito tempo, posto que no ano de 1018, a Macedônia também cairia sob o jugo do Império de Bizâncio, reduzindo o antigo Patriarcado a um Arcebispado Autocéfalo.

Em 1186, a Bulgária reconquistou a sua independência com o estabelecimento do Segundo Império, com sede em Turnovo. Depois de longas negociações, a Igreja da Bulgária reconheceu a supremacia do Romano Pontífice, no ano de 1204, mas este acordo se rompeu depois de 30 anos em 1235, quando o imperador da Bulgária se aliou aos gregos contra o avanço dos latinos. Em conseqüência disto, o Patriarca de Constantinopla restaurou a condição de Patriarcado à Igreja Ortodoxa da Bulgária.

No início da dominação turca em 1393, a Igreja Ortodoxa Búlgara perdeu seu status de autocefalia e foi integrada novamente ao Patriarcado de Constantinopla.

Em 1870, o governo do fraco Império Otomano autorizou o restabelecimento de uma Igreja Ortodoxa Búlgara Nacional, na qualidade de Exarcado autônomo.

Em 1872, Constantinopla reagiu violentamente declarando esta Igreja como cismática. Esta lamentável separação continuou por muito tempo, mesmo depois que a Bulgária transformou-se em Principado (1878), e finalmente em um Reino independente em 1908.

Somente em 1945 o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla reconheceu novamente a Autocefalia da Igreja Ortodoxa da Bulgária, anulando o cisma. O Metropolita de assumiu o título de Patriarca em 1953, mas foi reconhecido como tal pelo Patriarcado Ecumênico somente em 1961.

Durante o período comunista que teve inicio em 1944, o governo implementou uma política religiosa similar a da União Soviética e, por esta razão, a presença da Igreja foi pouco relevante para a vida nacional .

A Igreja Ortodoxa da Bulgária não saiu ilesa dos tumultuosos acontecimentos que acompanharam a queda dos regimes comunistas. Em 1991, um novo governo criou um Departamento para os Assuntos Religiosos, dando inicio às reformas das instituições religiosas no país.

Em março de 1992, insinuou-se que a eleição realizada em 1971da qual resultou eleito o Patriarca Maxim, havia sido ilegal porque a nomeação havia sido feita pelo governo comunista, de forma não canônica. Isto provocou uma divisão entre os bispos. De um lado estavam 3 bispos liderados pelo Metropolita Pimen de Nekrop que foi quem solicitou publicamente a deposição do Patriarca Maxim; do outro, estavam os que seguiam o Patriarca.

Em janeiro de 1993, uma delegação do Patriarcado Ecumênico visitou com a intenção de solucionar o problema, porém não obteve êxitos.

Tempos mais tarde, a disputa gerou um cisma, quando em 4 de julho de 1996, o Metropolita Pimen foi instalado como Patriarca rival, acusando o Patriarca Maxim e todo o Sínodo de anátema.

Quando Petar Stoyanov assumiu a Presidência da Bulgária, em janeiro de 1997, Pimen conduziu a cerimônia de Bênção do novo mandatário . Um ano mais tarde, o Presidente Búlgaro chamou a ambos os Patriarcas, sugerindo a renúncia dos dois a fim de facilitar a eleição de um novo, chegando pondo fim ao Cisma.

Em 30 de setembro de 1998, se reuniu em um “Sínodo Extraordinário” da Igreja Ortodoxa Búlgara, encerrando-se em 1º de outubro deste mesmo ano. Este Sínodo foi presidido pelo Patriarca Ecumênico Bartolomeu I que solicitou a presença de outros seis Patriarcas e vinte metropolitas, destacando-se as presenças do Patriarca Alex II de Moscou e o Patriarca Petros VII de Alexandria. O Sínodo finalmente reconheceu a absoluta legitimidade do Patriarca Maxim, alcançando a reconciliação dos grupos antagônicos.

O Patriarca Pimen e os Bispos dissidentes se arrependeram de suas ações e foram novamente acolhidos na Igreja Ortodoxa da Bulgária em seus antigos postos, bem como o clero e fiéis que os seguiam.Em 1997, se reuniu em , o 1º Concilio Geral da Igreja ortodoxa da Bulgária sob a jurisdição do Patriarca Maxim, depois de 40 anos de silêncio forçado.

O Concilio fixou suas atenções nas novas possibilidades que se abriam a partir da queda do marxismo, chamando o governo a permitir o desenvolvimento de suas atividades pastorais nas várias áreas da vida pública, incluindo os meios de comunicação; solicitou também às autoridades que garantissem a instrução religiosa nas escolas, bem como o estabelecimento de capelanias nas Forças Armadas, prisões e hospitais pela Igreja Ortodoxa, requerendo a devolução das propriedades eclesiásticas confiscadas pelo antigo governo comunista. Estas medidas foram adotadas no início do processo de restauração da vida eclesial, do desenvolvimento de programas de catequese e de formação teológica, até a criação de importantes programas de ação social.

Em seu aspecto interno, a Igreja Ortodoxa da Bulgária fortaleceu a presença e ação dos leigos na vida da Igreja, dando também grande impulso ao movimento monástico. Os novos estatutos da Igreja substituíram aqueles instituídos em 1953 sob a pressão dos comunistas. Finalmente, a instrução religiosa nas escolas foi restabelecida em setembro de 1997.

Novas faculdades de teologia foram criadas desde a queda do comunismo; atualmente há seminários ortodoxos búlgaros em Plovdiv e Sofía, bem como faculdades de teologia na Universidade de e na Universidade de São Cirilo e São Metódio em Veliko Tarnovo. Até meados de 1997 a Igreja Ortodoxa Búlgara contava com 11 dioceses no país e outras duas fora do território nacional búlgaro, com 2600 paróquias atendidas por 1500 sacerdotes, cerca de 120 monastérios com uma população de 400 monges e monjas.

O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Búlgara esta constituído pelo Patriarca e todos os bispos diocesanos, sendo a suprema autoridade eclesiástica, judicial e administrativa, dentro da Igreja.

O Sínodo se compõe de dois corpos: o Sínodo Pleno, que se reúne nos meses de junho e novembro, ou a cada vez que se julgue necessário e, o Pequeno Sínodo, constituído pelo Patriarca e por quatro bispos eleitos pelo Sínodo Pleno por um período de quatro anos. Este Sínodo está em contínuo estado deliberativo e se encarrega dos assuntos da Igreja.

O Patriarca preside ambos os corpos e mantém as relações com o Estado e com as demais Igrejas.

Vale destacar finalmente a existência de outra diocese ortodoxa búlgara que está sob o omofórion da Igreja Ortodoxa na América (OCA) e é presidida pelo arcebispo Kyrill.

Síntese Histórica:

O Cristianismo ingressou nos Bálcãs no início do meado do século IX, graças aos missionários e pregadores enviados pelo Patriarcado Ecumênico;

O rei Boris adotou o Cristianismo em 864, graças aos esforços de sua irmã, a princesa Teodora, e o gigantesco empenho de Metódio, que concitou o povo Búlgaro a adotar o Cristianismo;

O rei Simão, filho de boris, declarou em 927 o Arcebispo da Bulgária Patriarca independente, desligando-o do Patriarcado de Constantinopla,fixando-lhe a sede na cidade de Dorostol (atual Silestra) e depois em Okhrida;

O Imperador Bizâncio, cujo apelido é "o conquistador dos Búlgaros," conquistou o Reinado Búlgaro e integrou o Arcebispao de Okhrida no conjunto Bizantino;

Em 1185, restituiu-se o reinado búlgaro pelos dois irmãos Pedro e Acim, sendo então novamente constituído o Arcebispado, porém com sede em Ternovo;

Nos fins do século XIV (1393 - 1398), a Bulgária fora conquistada pelas armas Otomanas que eliminaram o Arcebispado de Ternovo, submetendo as suas dioceses ao Patriarcado de Constantinopla, bem como subordinaram o Arcebispado de Okhrida em 1767 ao Patriarca Ecumênico Samuel;

Separou-se a Bulgária, em princípio, do Patriarcado Ecumênico em 1860 e, em 1872, constituíram um exarcado, declarando-se definitivamente independente;

Em 1874, o Santo Sínodo de Constantinopla suspendeu a excomunhão que tinha aplicado contra a Igreja da Bulgária, proclamando seu chefe espiritual Metropolita e Exarca de e de Toda a Bulgária;

A Bulgária elevou seu Exarcado a Patriarcado em 1953;

As Igrejas Ortodoxas reconheceram, em 1961, o Patriarcado da Bulgária.

Patriarcado Ortodoxo da Geórgia

O Reino da Ibéria, a Geórgia, está encravada nas montanhas do Cálcaso, ao oriente do Mar Negro. Ali floresceu uma importante civilização muito antiga. Devido, em grande parte, à atividade missionária de Santa Nina, uma escrava proveniente da Capadócia. A Geórgia Oriental adotou a fé cristã como religião oficial no ano 337, contudo a Geórgia Ocidental sob o Império Romano, se converteu ao cristianismo gradualmente até a totalidade do povo no século V.

A liturgia de Jerusalém de Santiago, era celebrada na Ibéria, de início em língua grega e, logo depois no século VI, em gregoriano. A liturgia Bizantina sempre foi usada na região ocidental da Geórgia. A mudança da língua grega para o gregoriano foi feita de maneira lenta. Quando adotou como língua litúrgica era o início de século IX. A liturgia Bizantina finalmente se impôs em toda Geórgia quando a região ocidental e oriental da Geórgia se uniram sob um mesmo Rei e sob o mesmo Catolicato em 1008.

A Igreja na Ibéria, no princípio estava sob a jurisdição do Patriarcado de Antioquia, mas foi estabelecida como Igreja Independente pelo Rei Vakhtang Gorgaslan, em 467. Por algum tempo depois do Concilio de Calcedônia (451), os georgianos da Ibéria se uniram com seus vizinhos armênios na recusa dos ensinamentos provenientes do citado Concílio. Contudo no ano de 607, eles romperam com os armênios aceitando todas as resoluções conciliares.

O Monaquismo começou seu esplendor na Geórgia durante o correr do século VI, alcançando seu auge nos séculos VIII e IX. Os Mosteiros também foram importantes centros de missões e de cultura. Cabe mencionar que o conhecido Monastério de Iviron, no Monte Atos, fundado pelos georgianos, donde muitos de seus monges se ocuparam na tradução de textos gregos para o georgiano.

Do século XI e XIII, a Geórgia experimentou uma época de ouro com o desenvolvimento de uma rica literatura cristã, que estabeleceu as bases da língua georgiana. Estes bons tempos culminaram, sem dúvida, com a invasão de Gengis Khan no século XIII, e outra invasão no século XV.

Durante o período compreendido entre os séculos XVI ao XIX, o Reino da Geórgia, experimentou um renascer cultural, em grande parte devido à rivalidade entre os Otomanos e os Persas pelo controle da região, permitindo aos georgianos a oportunidade de estabelecer novos contatos com ocidente, sobretudo com a Rússia.

Em 1801, o Império Russo anexou a Geórgia e a morte do Patriarca da Geórgia em 1811, neutralizou o Patriarcado e a Igreja Ortodoxa da Geórgia que passou a ser administrada por São Petesburgo, pelo Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, através de um exarca especial.

As 30 dioceses que faziam parte da Igreja Ortodoxa da Geórgia foi reduzida a somente 5 dioceses. A língua georgiana foi abolida das aulas de Teologia nos Seminários e das Liturgias, sendo substituído pelo russo e pelo eslavo.

Depois que Czar Nicolau II abdicou do trono da Rússia em 1º de março de 1917, a autoridade da Igreja Russa nos territórios que pertenciam ao Antigo Império foi seriamente menosprezada. Em 12 de março de 1917, se reuniram todos os Bispos Georgianos junto com o seu clero e os leigos com a finalidade de restabelecer a sua Autocefalía e, seis meses mais tarde o Concilio da Igreja Ortodoxa da Geórgia elegeu um novo Patriarca-Catholikós.

Como já era de se esperar, a Igreja Ortodoxa Russa não aceitou a nova situação. Como conseqüência da Revolução Bolchevista, na Rússia, a Geórgia recuperou em pouco tempo sua independência. Em fevereiro de 19212, infelizmente o país caiu em mãos da União Soviética, mas apesar disto, a Igreja Ortodoxa da Geórgia manteve sua independência frente ao Patriarcado de Moscou.

Passaram vários anos até que o Patriarcado de Moscou se decidiu a elevar a Igreja Ortodoxa da Geórgia ao status de Igreja Autocéfala, em 1943.

A situação desta Igreja sob o poder soviético foi bastante similar ao da Igreja Ortodoxa Russa,. Em 1917 havia 2.455 paróquias, mas com o decorrer do regime soviético este número reduziu para 80 apenas, 5 mosteiros e um seminário.

A Igreja Ortodoxa da Geórgia, durante a época do regime , viu-se obrigada a seguir diretivas do Patriarcado de Moscou em sua política internacional e ecumênica. Com a abertura operada pelo presidente Gorbachev, a Igreja Ortodoxa da Geórgia ganhou mais autonomia e se recuperou de maneira incrível.

Em 1º de outubro de 1988, a Academia de Teologia Ortodoxa da Geórgia foi formalmente inaugurada na Capital Tbilisi, com 150 estudantes matriculados. Atualmente existe uma segunda Academia de Teologia em Gelati e 6 seminários, bem como, um Instituto para formação de leigos.

Em uma carta aberta publicada em 07 de maio de 1997, os abades de 5 mosteiros ameaçaram romper com o Patriarca Ilia uma vez que o Patriarca fora nomeado como um dos presidentes do Conselho Mundial das Igrejas. Como as tensões aumentavam cada vez mais e por medo de um novo cisma, o Santo Sínodo decidiu retirar todos os seus representantes dos movimentos Ecumênicos como o Conselho Mundial de Igrejas - CMI e do Conselho Europeu de Igrejas.O Ecumenismo é um assunto muito delicado dentro da Igreja Ortodoxa da Geórgia.

Durante sua viagem de regresso da Índia à Roma, nos dias 08 de 09 de novembro de 1999, o Papa João Paulo II visitou Geórgia, na qualidade de chefe de Estado, reunindo-se com o Presidente Shevardnadze, com o Patriarca Ortodoxo da Geórgia, com o Santo Sínodo e com outras autoridades civis. Também celebrou uma missa campal em Tbilisi, capital da Geórgia.

Em 1993, cerca de 65% da população se definia membro da Igreja Ortodoxa da Geórgia, 11% como mulçumano , 10 % como Ortodoxo russo e 8% se declarava apostólico armênio.Em 1999 havia 27 dioceses, 512 paróquias, 730 sacerdotes, 34 mosteiros masculinos e 33 femininos.

Síntese Histórica:

O Cristianismo chegou a Geórgia na primeira metade do século IV, por intermédio de uma cativa síria de nome "Nuna," que conseguiu converter o Rei do país para o Cristianismo, de nome "Mirban," juntando-se seus adeptos ao Patriarcado de Antioquia;

O primeiro Bispo da Geórgia, com o título de Católico, fora designado em 448, com o nome de Pedro;

Ficou a Geórgia anexada ao Patriarcado Antioqueno até o século XI, quando os Seljuquios invadiram o país, dificultando assim as comunicações entre Teflis e Antioquia;

A Igreja da Geórgia declarou-se independente da Igreja Antioquena no fim da gestão do Patriarca Antioqueno Pedro III.

A Igreja da Grécia

A Grécia é uma das civilizações mais antigas da Europa e atingiu sua idade de ouro no século V a.C. No século seguinte foi conquistada por Filipe de Macedônia, cujo filho Alexandre, o Grande, conquistador do mundo conhecido, difundiu a civilização helênica, tornando assim a Grécia o centro de grandes Escolas de sabedoria e porto comercial. No século 11 d.C. a Grécia passou a fazer parte do Império Romano, mais tarde foi incorporado ao Império Bizantino, e no século XV ficou sob o domínio do Império otomano. Em 1821-1830, guerra contra os turcos, chegando à independência com a ajuda da Inglaterra, Rússia e França.

O povo que recebeu diretamente o Evangelho dos Apóstolos e discípulos de Cristo foi o grego. O Apóstolo Paulo, no ano 50, introduziu a religião cristã na Grécia que, em seguida, expandiu-se por toda a Europa. Em 52 Paulo fundou a igreja de Atenas, quando falou aos Atenienses no meio do Areópago:

"Atenienses, sob todos os aspectos sois, eu os vejo, os mais religiosos dos homens. Pois percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: 'Ao Deus desconhecido' Aquele que adorais sem conhecer, eu venho vos anunciar" (At 17,22-23).

Em seguida, no ano 53 fundou a Igreja de Corinto e no começo do século 11 essas duas Igrejas se uniram formando a Igreja de Salônica.

Uma vez que os gregos estavam presentes no início do cristianismo em todos os países do mediterrâneo, era a língua grega (Koiné) a que estava difundida em todo o Império. Mesmo em Roma até o século 111, falava-se a língua grega. O cristianismo foi elaborado, dogmática e espiritualmente, de uma forma quase total pelo povo grego; os evangelhos foram escritos em grego; os sete primeiros Concílios Ecumênicos que deram todo o fundamento à comunidade nascente do cristianismo foram convocados pelos Imperadores gregos de Bizâncio, etc.

No século VIII, durante o Império de Bizâncio, Imperador Leão 111, toda a Igreja da Grécia ficou sob a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla que, no Concílio de Constantinopla 11 (381), recebeu a primazia de honra sobre todo o Oriente, por ser a Capital do Oriente, e o povo grego, apesar de todas as ocupações sofridas, guardou fielmente a identidade cristã e apostolicidade e, pelo fato de estar sob o Patriarcado de Constantinopla, passou à ortodoxia no momento da divisão entre o Oriente e o Ocidente (...) (1054). No período das Cruzadas os fiéis gregos sofreram várias perseguições e os bispos foram destituídos e expulsos de suas dioceses e, em seu lugar, foram nomeados bispos latinos. Com a expulsão dos Cruzados os bispos gregos retomaram às suas dioceses.

Em 1830, com a proclamação da Independência política da Grécia, o Sínodo da Igreja Grega ortodoxa solicitou também sua independência, tendo sido reconhecida pelo Patriarcado de Constantinopla em 1850. A Igreja Grega Ortodoxa passou a ter um Arcebispo Maior com o titulo de Arcebispo de Atenas (capital da Grécia), e foi considerada uma Igreja Autônoma. Sua constituição foi aprovada pelo governo grego.

Com a importância da Grécia e após a guerra balcânica (1912-13), o parlamento anexou à Igreja Grega outras Igrejas que se encontravam sobre seu território nacional. Contudo a Ilha de Creta, Dodecaneso e Monte Athos, estão na Grécia, mas permanecem sob a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla, como também os gregos ortodoxos da diáspora. Em 1967 a Igreja de Creta obteve uma certa autonomia.

Atualmente, a Igreja Grega ortodoxa representa cerca de 97% do povo grego, contando com vários centros teológicos de grande importância em Atenas e Tessalônica e outros lugares da Grécia, conservando assim a grande riqueza do patrimônio da Igreja Universal. [...]

Síntese Histórica:

As Igrejas da Grécia e Corinto foram fundadas pelo Apóstolo Paulo;

Juntaram-se as duas Igrejas com todas as Igrejas da Grécia sob a égide da Igreja de Tessalônica, no princípio do século II;

A Igreja da Grécia submeteu-se ao Patriarcado Ecumênico em princípios do VIII século, desligando-se do mesmo em 1833, proclamando-se independente e obtendo o alvará de reconhecimento desse fato, do Patriarcado Ecumênico em 1850.

A Igreja de Chipre

Síntese Histórica:

Esta Igreja foi fundada pelo apóstolo São Barnabé no ano 45.

O III Sínodo Ecumênico de Éfeso, em 431, conferiu a Chipre a sua independência, desligando-a da Sé de Antioquia e estabelecendo-lhe a categoria das Igrejas de Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém;

No século VII foi conquistada pelos muçulmanos.

Em 1191 foi reconquistada pelos cruzados da expedição do rei Ricardo, Coração de Leão, convertendo-se em um estado feudal latino. Desde 1489 caiu sob o domínio da República de Venecia. Em 1571 foi conquistada pelos turcos. A população, muito contrária aos latinos, saudou a chegada dos turcos como a libertadores.

Teve início, porém, uma período de dura dominação que durou quase três séculos.

Em 1821 a Igreja de Chipre uniu-se ao Movimento Grego de Libertação contra os turcos. O arcebispo, seus metropolitas e muitos sacerdotes e fiéis foram executados.

Em 1878 a Ilha foi ocuipada e dominada pelos ingleses. Em 1931 o arcebispo e dois bispos foram desterrados.

De 1933 a 1947 a Igreja esteve com sede vacante.

Novamente em 1956 o grande arcebispo Makários foi expulso.

Em 1960 a ilha declarou-se independente e, consequentemente, uma república, sendo eleito o primeiro presidente da República sua Beatitude o Arcebispo Makarios.

Sua Beatitude o Arcebispo de Chipre tem as suas prerrogativas próprias, quais sejam, vestir a púrpura e portar o cetro real e usar tinta rubra para as suas assinaturas.

A Igreja Ortodoxa da Albania

O Cristianismo chegou a Albânia antes do século IV de duas distintas direções: os "ghegs" que habitavam o Norte, foram convertidos pela ação de missionários latinos enquanto que os habitantes do Sul, os "tosk", foram cristianizados por missionários de origem bizantina.

Depois da conquista turca do século XV, a mioria dos albaneses se converteram ao Islam e, os restantes cristãos ortodoxos, permaneceram sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico.

A Albânia se tornou independente depois da Guerra dos Balcãs (1912-1913) e, tão logo tornou-se independente, promoveu um movimento em prol da independência da Igreja Ortodoxa da Albânia. Depois do ano de 1918, este movimento foi liderado pelo padre FAN NOLI, um sacerdote albano-ortodoxo dos Estados Unidos.

Em 1922, um congresso Ortodoxo reunido en Berat, unilateralmente, proclamou a autocefalía da Igreja Ortodoxa da Albânia; os bispos gregos deixaram então o país.

Em 1926, Constantinopla ofereceu um acordo pelo qual se poderia chegar a autocefalia de uma maneira mais ordenada, porém o governo a rejeitou.

Em 1929, o bispo John Bessarión, com a participação do bispo sérvio, ordenou dois novos bispos ortodoxos albaneses. Deste modo se formou um Sínodo em Tirana, capital da Albania, e a Igreja novamente proclamou sua autocefalia. Em reação este fato, Constantinopla destituiu aos bispos albaneses e, em resposta, o governo abanes expulsou o representante de Constantinopla do país. Deste modo, se produziu de fato um cisma, mas que não duraria muito tempo já que Constantinopla, finalmente, reconheceu o status de autocefalia da Igreja Ortodoxa da Albânia, regularizando a situação em 12 de abril de 1937.

Neste mesmo ano se fundou o seminário ortodoxo albanês em Korytsa.

Durante o período compreendido entre as duas guerras mundiais, a parte do arcebispado de Tirana, existiam outras três dioceses, uma em Berat, outra em Argyrokastro, e outra ainda em Korytsa.

A língua grega era ainda amplamente usada na liturgia, porém, a partir de 1930, teve início o processo de tradução dos textos litúrgicos para a língua albanesa.

A revolução comunista de 1945 marcou o início de uma selvagem perseguição a todos os grupos religiosos da Albânia, e naquela época se estimava que 22% era ortodoxa, 10% católica romana e o restante da população islâmica.

O novo regime executou muitos influentes sacerdotes, e em 1949 o arcebispo Christopher KISSI, de Tirana foi deposto. Até o ano de 1951 todos os bispos ortodoxos foram substituídos por homens favoráveis ao governo. O regime comunista albanês tomou eventualmente medidas muito mais contrárias à religião que o resto dos governos marxistas da Europa Oriental.

Em 1917 o regime comunista anunciou o fechamento de todos os edifícios religiosos na Albânia, incluindo as 2.169 igrejas, mesquitas, monastérios, e outras instituições também foram enclausuradas e qualquer prática religiosa era considerada ilegal.

Neste mesmo ano, o arcebispo DAMIANOS de Tirana foi levado à prisão onde veio a falecer em 1973.

Quando o governo comunista da Albânia começou a desintegrar-se e o longo do período das perseguições chegava ao seu fim, nenhum bispo ortodoxo albanês havia sobrevivido ao regime. Por isso que, em 1991, o Patriarcado Ecumênico, o qual havia outorgado o status de Igreja Autocéfala aos ortodoxos da Albânia, (12-4-1937), nomeou o Metropolita ANASTASIOS de Androusis, (um professor da Universidade de Atenas), como Exarca Patriarcal na Albânia; sua principal tarefa seria a de supervisionar o processo de reconstrução canônica da Igreja Ortodoxa Albanesa.

Em 24 de Junho de 1992, o Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico, elegeu a ANASTASIOS como Arcebispo de Tirana e toda Albânia e outros três bispos (também de nacionalidade grega) para ocupar as restantes dioceses do país. O governo, no entanto, não reconheceu as nomeações dos novos bispos. O arcebispo Anastasios, foi entronizado em Agosto de 1992.

Em julho de 1996, o Patriarcado Ecumênico procedeu a ordenação dos três bispos, eleitos em 1992, para ocupar as dioceses albanesas; porém o governo não só rechaçou, senão que não lhes autorizou ingresso no país e insistiu nas nomeações de bispos etnicamente albaneses para ocupar os ditos cargos. A posição do arcebispo Anastasios como líder da Igreja Ortodoxa da Albânia se viu ameaçada no final de 1994, já que em outubro desse mesmo ano o presidente Berisha assinalou que o arcebispo havia sido nomeado temporariamente e, ato contínuo, o governo propôs um novo anteprojeto constitucional no qual se requeria que a liderança da Igreja fosse dada a alguém de cidadania albanesa, nascido no país, e que residisse em território nacional de forma permanente ou pelo menos por um período de 20 anos.

Quando o referendum sobre a nova constituição foi realizado em 6 de novembro, esta proposta foi rejeitada por 60% dos votos. A partir do mês de dezembro as relações entre a Igreja Ortodoxa e o Estado, haviam melhorado, se bem que a situação do arcebispo ainda permanecia incerta. A tensão entre Grécia e Albânia sobre a situação da minoria grega na Albânia complicou ainda mais a situação do arcebispo Anastasios que era grego.

O senso de 1989 indicava a presença de cerca de 60.000 gregos nesse país, apesar disto, a grande maioria da população ortodoxa pertencia a etnia albanesa.

A questão sobre a nomeação dos novos bispos ortodoxos da Albânia foi resolvida em 1998 depois de seis anos de árduas negociações, quando finalmente, um consenso entre o Patriarca Ecumênico, a Igreja Ortodoxa da Albânia e o Governo Albanês determinava que: dois dos bispos gregos ordenados em 1996 deveriam renunciar seus cargos e, um deles, o metropolita Ignatios de Berat foi entronizado em 18 de julho.

Esse mesmo dia o arcebispo Anatsios e o metropolita Ignatios se reuniram em sessão extraordinária com dois representantes do Patriarcado Ecumênico, elegendo a dois novos bispos albaneses: o arquimandrita João Pelushi, (43 anos) foi eleito como metropolita de Korca, e o padre Kosna Qirio (77 anos) foi eleito bispo de Apollonia.

Deste modo ficou conformado o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa da Albânia. Nos primeiros 6 anos desde que esta Igreja foi restabelecida, 70 novos templos foram edificados, 65 reconstruídos e mais de 100 restaurados.

Em março de 1992 a Academia de Teologia "Ressurreição de Cristo" foi aberta no prédio de um hotel abandonado de Durrês, onde cerca de 60 jovens preparavam-se para a ordenação sacerdotal.

Quando o regime comunista caiu, haviam sobrevivido apenas 22 sacerdotes ortodoxos em toda a Albânia; até 1998 somente 5 ainda estavam vivos e 92 novos sacerdotes foram somados ao presbitério, ficando ainda assim escasso.

Desde outubro de 1992 a Igreja Ortodoxa conta com uma publicação oficial, uma revista mensal que se chama "NGJALLIA" (Ressurreição) e, em 1997 passou também a contar com uma emissora de rádio, órgão oficial da Igreja Ortodoxa e que tem o mesmo nome da Revista.

Na América do Norte existem duas jurisdições ortodoxas albanesas distintas. São elas:

Arquidiocese Ortodoxa Albanesa na América, que está sob o homofórion da Igreja Ortodoxa na América, com 13 paróquias próprias.

Diocese Ortodoxa Albanesa na América, que se encontra sob a proteção espiritual da Arquidiocese Grega na América.

A Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia

Quando a Polônia foi restaurada como país independente, no começo da I Guerra Mundial, cerca de 4 milhões de cristãos ortodoxos ficaram incluídos dentro de seus novos limites. A maioria deles estava sob a jurisdição do Patriarcado de Moscou e eram as etnias bielorrussas e ucranianas.

Pouco depois de sua independência, o governo polonês começou a promover a idéia de instituir uma igreja autocéfala, independente de Moscou. Esta posição seria apoiada pelo primeiro metropolita de Varsóvia George Yoroshevsky, que havia sido recentemente nomeado por Moscou e concedeu certo grau de autonomia aos ortodoxos da Polônia, até que no ano de 1923, foi assassinado por um monge ortodoxo russo que não concordava com seu ponto de vista.

O governo polonês fez chegar, então, a questão ao Patriarcado de Constantinopla que depois de demoradas considerações publicou um documento outorgando o status de Autocefalía à Igreja Ortodoxa da Polônia, em 13 de novembro de 1924. Em 1927, Constantinopla também outorgou ao Metropolita de Varsóvia, o título de “Beatitude.”

O Patriarcado de Moscou considerou esta ação como uma interferência em seus assuntos internos e se recusou a reconhecer o status de Autocefalía dado à Igreja da Polônia.

Durante o período compreendido entre as duas Guerra Mundiais, houve certas tensões internas na Igreja da Polônia pois todos os seus bispos eram russos e 70% de seus fiéis ucranianos. Os bispos russos rejeitaram as nomeações de novos bispos ucranianos e do uso de sua língua nas liturgias, adotando ainda algumas medidas destinadas a satisfazer muitas daquelas aspirações. Durante este período haviam 5 dioceses, 2 seminários (em Vilnius e em Krzemieniec) com cerca de 500 estudantes, uma Faculdade Ortodoxa de Teologia em Varsóvia com cerca de 150 estudantes, 1624 paróquias e 16 Mosteiros.

Durante os anos 30 produziram-se desafortunados incidentes entre as Igrejas Católico-romana e Ortodoxa da Polônia. O Metropolita Dionísios de Varsóvia, protestou formalmente pelos incidentes anti-ortodoxos, sustentando que muitos de seus sacerdotes foram forçados a rezar em polonês, que muitas de suas igrejas haviam sido forçadas a fechar e que outras tantas haviam sido destruídas. Alem de tudo isso, denunciou que se estava exercendo pressão sobre os fieis ortodoxos para que se convertessem ao catolicismo. O próprio Metropolita católico-ucraníno, mons. Sheptytsky, corroborou aquelas acusações e somou sua voz àquela dos ortodoxos. Este fato ficou plasmado em uma carta pastoral dirigida a seus fieis.

Quando o Leste da Polônia foi anexado à União Soviética em 1939, a maioria dos ortodoxos poloneses foram reintegrados ao Patriarcado de Moscou, de modo que a Igreja Ortodoxa da Polônia se viu reduzida significativamente em tamanho.

Em 1948, quando os comunistas tomaram o governo da Polônia, o metropolita de Varsóvia foi deposto por causa de sua oposição ao novo regime. Neste mesmo ano o Patriarcado de Moscou declarou que a declaração de Autocefalía outorgada pelo Patriarcado de Constantinopla era nula e inválida. Como resposta, o Santo Sínodo da Igreja da Polônia decretou sua própria Autocefalía. Não obstante, a título de Metropolita de Varsóvia ficaria vacante até 1951 quando os bispos poloneses requereram ao Patriarca de Moscou a nomeação de um novo Metropolita. Foi nomeado então para o cargo o arcebispo MAKARY OKSANIUK de Lviv, Ucrânia, que havia presidido a dissolução da Igreja Católico-ucraína em 1946 e 1947. Desde aquele tempo, a Igreja Ortodoxa da Polônia, continua tendo uma estreita relação com o Patriarcado de Moscou.

A Igreja da Polônia tem em sua jurisdição três pequenos mosteiros ortodoxos, situados em Jableczma, Suprasl (próximo de Bialystock) e em Monte Grabarka. O primeiro deles se converteu em um centro de disputas entre católicos-romanos e ortodoxos na Polônia. Fundado no final do século XV, o mosteiro já havia sido católico-latino, ortodoxo e greco-católico. Em 1944, parte do complexo foi entregue aos ortodoxos como mosteiro, e em setembro de 1993, o conselho Polonês de Ministros decidiu pela total posse do edifício à Igreja Ortodoxa.

A transferência de propriedade foi causa de protestos das igrejas latina e greco-católica. Finalmente, em 1996, o governo polonês reafirmou sua decisão de doar a totalidade do complexo à Igreja Ortodoxa da Polônia.

Nos anos mais recentes a Igreja Ortodoxa da Polônia começou a assumir feições polonesa, assumindo a cultura e o idioma local, passando a usar o vernáculo nas liturgias. A Igreja da Polônia possui 4 publicações (jornais/periódicos) e está cada vez mais engajada nos trabalhos sociais e filantrópicos.

Conta atualmente com 6 dioceses, e 410 templos com 250 paróquias que são atendidas por 259 sacerdotes e diáconos. O Seminário Ortodoxo em Varsóvia tem 80 estudantes e existe uma Faculdade de Teologia na Academia Teológica Cristã na mesma cidade, com 35 estudantes universitários.

A Igreja das Repúblicas Tcheco e Eslováquia

Na época de fundação do Estado independente de Tchecoslováquia, depois da 1ª Guerra Mundial, esta era uma nação predominantemente católica, ainda que, tempo depois, um expressivo número de sacerdotes latinos (romano-católicos) e fiéis converteu-se à ortodoxia. O líder eleito deste movimento, Pe. Matej Pavlik, foi ordenado Bispo em 1921 por um bispo da Igreja Ortodoxa da Sérvia na cidade de Belgrado, assumindo suas funções sob o nome de Gorazd. Consta que parte de seus seguidores separou depois para formar uma igreja protestante. Naquele tempo este novo grupo de ortodoxos contava com 40 mil fieis e este número aumentou quando um grupo de greco-católicos (uniatas) da zona dos Transcárpatos decidiram regressar espontaneamente à ortodoxia.

Subseqüentemente produziu-se uma cisão no interior da comunidade ortodoxa daquele país.

Em 1923, o Patriarcado de Constantinopla outorgou à Igreja da Tchecoslováquia o status de Igreja Autônoma, enviando o Metropolita SABBAZD para ocupar-se dos fiéis ortodoxos do lugar. Em 1930, o Patriarca da Sérvia também enviou um Bispo daquela jurisdição à zona Transcárpata, mas na verdade a grande maioria dos Tchecoslovacos permanecia sob a jurisdição do Bispo Gorazd.

Durante a 2ª Guerra Mundial, esta igreja foi virtualmente massacrada pelos nazistas que executaram o Arcebispo Gorazd, fecharam todas as dependências de sua Igreja em 1942, enviando todos os seus sacerdotes aos campos de trabalhos forçados na Alemanha.

No censo de 1931, havia 145.583 ortodoxos no país dos quais 117.897 viviam nos Transcárpatos. A anexação daquela região por parte da Rússia em 1945, reduziu o número de ortodoxos a 40 mil, apenas. No ano de 1946, os ortodoxos da Tchecoslováquia colocaram-se sob a proteção do Patriarca de Moscou Alex I, fazendo a solicitação de um bispo; deste modo, todos os ortodoxos deste país ficaram unidos a uma única hierarquia.

Em 1950, os greco-católicos da Eslováquia, foram absorvidos pela Igreja Ortodoxa Tcheca. Isto obviamente aumentou o número dos ortodoxos para 200.000 novos membros, que foram organizados em 4 novas dioceses . Mais tarde, quando a Igreja greco-católica foi restaurada na Tchecoslováquia, durante a “Primavera de Praga”, um grande número de membros regressaram a sua antiga fé, deixando, no entanto, os templos e edifícios para a Igreja Ortodoxa.

Em 9 de dezembro de 1951, o Patriarca de Moscou outorgou o status de Igreja Autocéfala a Igreja da Tchecoslováquia. O Patriarca de Constantinopla, por sua vez, não reconhecendo a autoridade de Moscou nesta matéria, decretou seu próprio TOMOS da autocefalía em 8 de setembro de 1998.

Em seu primeiro ato, a Igreja Ortodoxa da Tchecoslováquia canonizou o Bispo Gorazd em setembro de 1987, dada a sua fundamental participação na formação da Igreja Ortodoxa daquele país, e reconhecendo seu martírio sofrido por causa de sua sólida fé ortodoxa.

O colapso do governo comunista em 1989 e a posterior divisão da República da Tchecoslováquia em dois paises, a República Tcheca por um lado e a República Eslovaca por outro teve como conseqüência, em 1º de janeiro de 1993, modificações na estrutura jurídica da Igreja. Em novembro de 1992, o Santo Sínodo decidiu dividir sua antiga jurisdição em duas províncias metropolitanas, com duas dioceses em cada uma das novas repúblicas independentes. Um só sínodo continua reunindo-se periodicamente, como antes, sob a presidência do Metropolita da Igreja unida, que pode ser exercido tanto pelo Arcebispo de Praga como pelo de Presov.

O Metropolita Doroteo de Praga e das Repúblicas Tcheca e Eslováquia, morreu em dezembro de 1999; conduziu a Igreja por 35 anos. Sucedeu-o em seu cargo de Metropolita o Arcebispo Nicolas de Presov, em maio de 2000.

O governo da Eslováquia devolveu a maioria das antigas paróquias greco-melquitas (uniatas) que foram confiscadas em 1950 e entregues aos ortodoxos. Em março de 1993 se reportou que 135 de um total de 170 paróquias ortodoxas em Eslováquia, já haviam sido devolvidas aos greco-católicos. Desde aquele tempo até agora foram construídos mais de 50 novos templos ortodoxos.

De acordo com o censo de 1991, os ortodoxos constituem somente 0,6 % do total da população, cerca de 34.000 pessoas, das quais a maioria reside naquele país.

Os candidatos ao sacerdócio são preparados em um seminário na cidade de Presov que é supervisionado pelo Santo Sínodo e que no ano de 1990 foi integrado à Universidade de Safarik em Kosice. Em janeiro de 1997 a Universidade foi dividida em duas, e uma nova Universidade Presov foi criada a partir das universidades locais daquela cidade.

Atualmente, a Faculdade Ortodoxa de Teologia da Universidade de Presov oferece cursos de estudos aos seminaristas, professores de religião e/ou ética, bem como a outros agentes pastorais. Oferece ainda cursos para a formação permanente do clero.

Síntese Histórica:

A Igreja da Tchecoslováquia era uma Diocese do Patriarcado Ecumênico, declarando-se independente desse Patriarcado após a segunda grande guerra, em 1961.

O Patriarca de Constantinopla reconheceu-lhe a independência legalmente, sendo chefiada por um Arcebispo que reside em Praga.

A Igreja Ortodoxa da Finlândia

Ainda que pareça que os primeiros cristãos na Finlândia foram bizantinos, a grande parte do país recebeu sua fé através de missionários suecos de tradição latina. Mesmo assim, a província oriental de Karelia foi evangelizada por monges bizantinos do antigo monastério de Valamo (Valaam, em russo) situado numa ilha no lago Ladoga.

No século XIII, Finlândia foi um campo de batalha entre a Suécia católica e a Rússia ortodoxa; eventualmente os suecos conseguiram controlar a maior parte da Finlândia, Karelia porém, ficou sob o controle russo. Em 1617, Karelia foi tomada pela Suécia, a qual havia se tornado, de uma potência católica a potência protestante. Os suecos luterandos perseguiram por algum tempo os ortodoxos, mas as condições melhoraram no final do século passado.

Karelia foi recuperada pela Rússia em 1721 e, em 1809 o Czar conquistou a totalidade da Finlândia a qual se converteu no Grande Ducado Autônomo, dentro do Império Russo.

No final do século XIX, os ortodoxos da região de Karelia afirmaram sua identidade nacional. A liturgia, bem como muitos outros livros de teologia e espiritualidade, foram traduzidos para a língua finés, que permaneceu como a língua litúrgica desta Igreja.

Em 1917 Finlândia declarou sua independência da Rússia e, em 1918, os ortodoxos finlandeses se declaram autônomos em relação à Igreja de Moscou. O Patriarca TIKHON de Moscou reconheceu o status de autonomia em 1921. Em 1923 a Igreja Ortodoxa da Finlândia foi recebida pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla em seu caráter de Igreja Autônoma.

Durante a guerra ocorrida no inverno de 1939-1940 envolvendo a antiga URSS e a Finlândia, a maior parte de Karelia foi tomada pelos soviéticos e, como consequência, a Igreja perdeu cerca de 90% de suas propriedades. A maioria dos ortodoxos fineses foram evacuados para outras partes da Finlândia, dando início a uma nova vida, agora espalhados por todo o país.

Em 1957 o Patriarcado de Moscou reconheceu a autonomia da Igreja Ortodoxa de Finlândia sob o Patriarcado Ecumênico. Em 1980 a Assembléia Geral da Igreja Ortodoxa Finesa votou a favor de uma proposta de autocefalía, não alcançando, porém, seu propósito.

Existe uma vasta tradição monástica na história da Igreja Ortodoxa da Finlândia, sobretudo em Karelia. Lamentavelmente, porém, os monastérios tiveram de ser evacuados durante a guerra russo-finesa, quando os soviéticos tomaram o controle dessa região. O famoso Monastério de Valamo foi novamente fundado em Heinävesi, na Finlândia Central, com o nome de "Novo Valamo".

A Comunidade incluiu monges de outros monastérios da região de Karelia. O último dos monges, oriundo do antigo Monastério de Valamo, dormiu na paz do Senhor em 1981.

O Convento de Lintula, também foi novamente fundado, próximo do "Novo Valamo".

Atualmente, estes dois Monastérios são importantes centros de vida espiritual da Igreja Ortodoxa desse país. A desintegração do Estado Soviético, facilitou o desenvolvimento de melhores relações entre as Igrejas Ortodoxas da Rússia e Finlândia.

Em 1994, seis equipes pastorais, cada uma sob a direção de um sacerdote, foram enviadas pela Igreja da Finlândia para oficiar as celebrações da Natividade e de Semana Santa, na região da Karelia russa. Em setembro de 1994 o Patriarca russo Alexis II visitou Finlândia sendo acolhido pela comunidade Ortodoxa Finesa com calorosa hospitalidade.

A Igreja Ortodoxa de Finlândia está atualmente enfrentando a difícil e árdua tarefa de restauração do antigo Monastério de Valamo, na Rússia. Um seminário ortodoxo finlandês foi erigido em Sortavala, na região de Karelia em 1918, justamente após a independência de Finlândia. Mais tarde esta cidade foi anexada pela URSS, em 1940, e o seminário precisou ser transferido para Helsinki, depois para Humaljärvi em 1957 e, quatro anos mais tarde, novamente foi transferido, desta vêz para Kuopio, lá permanecendo até seu fechamento em 1988. Em compensação, foi estabelecido um Departamento Ortodoxo de Teologia na Universidade Joensuu.

A eleição de um novo arcebispo para Finlândia deve ser confirmada pelo Patriarcado Ecumênico. Os representantes da Igreja Ortodoxa de Finlândia tomam parte agora em todas as atividades Pan-ortodoxas, ao lado dos delegados das Igrejas Autocéfalas.

O governo de Finlândia reconheceu a Igreja Ortodoxa de Finlândia como a segunda igreja nacional depois da predominante Igreja Evangélica Luterana.

A Igreja Ortodoxa de Finlândia é a única Igreja Ortodoxa que se baseia no calendário latino (ocidental) para as festas fixas orientais. Vale destacar ainda que uma mudança demográfica teve lugar no país durante a década de 90, posto que, grande parte da população ortodoxa local foi se deslocando para Helsinki e para a zona sul do país, que é a de maior densidade populacional.

Atualmente, existem cerca de 50 igrejas e 100 capelas, num total de 25 paróquias na Finlândia. (1990).

Igreja Ortodoxa de Estônia
(sob o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla)

Os estônios caíram sob o domínio sueco por volta do século XVI e logo adotaram o luteranismo de seus conquistadores. Pedro, o Grande, conquistou a região para Rússia no início do século XVII e, sob o domínio russo, especialmente no século XIX, um significativo número de estônios se converteu à fé ortodoxa. Deste modo, uma grande comunidade ortodoxa se estabeleceu em Estônia.

Depois da derrocada do Czar em 1917 a Estônia proclamou sua independência sendo reconhecida pelas autoridades soviéticas em 1920. Como conseqüência da independência da Estônia e das perseguições à Igreja Ortodoxa na União Soviética, o bispo ortodoxo russo, Alexander de Tallin, requereu a proteção do Patriarcado de Constantinopla que o acolheu sob sua jurisdição. Em 7 de julho de 1923 o patriarca Meletios IV de Constantinopla aceitou oficialmente a Igreja da Estônia, concedendo, por sua vez, status de Igreja Autônoma. O bispo Alexander foi nomeado metropolita de Tallin e toda a Estônia.

Em 1940 a Igreja da Estônia contava com aproximadamente 210 mil fiéis, 3 bispos, 156 paróquias, 131 sacerdotes, 19 diáconos, 2 monastérios e 1 seminário. A maior parte dos fiéis ortodoxos era constituída de estônios.

Em 1940 a União Soviética anexou a Estônia. Os alemães ocuparam o país durante grande parte da II Guerra Mundial, até a reconquista do território por parte das tropas soviéticas em 1944. O metropolita Alexander, com 23 de seus sacerdotes, tiveram de buscar exílio em Estocolmo quando o novo poder se instalou em Estônia. A Igreja se estabeleceu em Estocolmo e permaneceu unida ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, dando assistência a uns 10 mil estônios exilados em vários países.

A morte do metropolita Alexander, ocorrida em 1953, fez com que o patriarca ecumênico consagrasse um novo bispo ortodoxo estônio, de nome Jurivalbe, para que governasse a Igreja Estônia sediada na Suécia. Depois de sua morte, em 1961, as paróquias estônias foram postas sob o omofórion dos bispos locais do Patriarcado Ecumênico. A Igreja Ortodoxa da Estônia foi assumida pelo Patriarcado de Moscou, como era costume das autoridades da época.

Em 1978, atendendo solicitação da Igreja Russa, o Patriarcado Ecumênico declarou sem efeito o documento pelo qual concedia o status de autonomia que, em 1923 havia outorgado a Igreja Ortodoxa da Estônia. Devido às mudanças demográficas ocorridas na era Soviética, a maioria dos ortodoxos da República da Estônia, no início da década de 90 eram etnicamente russos.

Logo após a desintegração da União Soviética e da nova declaração de independência da Estônia, em 1991, uma disputa se desenvolveu no seio da comunidade ortodoxa local, entre os que desejavam permanecer sob o Patriarcado de Moscou e os que pretendiam retomar a autonomia perdida da Igreja da Estônia, sob a proteção de Constantinopla.

Não alcançando nenhum êxito as árduas negociações entre os dois patriarcados, o de Moscou e o de Constantinopla, em 20 de fevereiro de 1996 o Santo Sínodo do Patriarcado de Constantinopla reconsiderou a suspensão da autonomia de 1923 e, por este ato, a Igreja da Estônia voltava a ficar sob sua jurisdição. Também foi nomeado nesta época o arcebispo João da Finlândia como chefe "locum tenens" (interino) da Igreja, deixando pendente para mais tarde a eleição de um primado.

A reação do Patriarcado de Moscou a este fato foi bastante dura, chegando mesmo a romper relações com o Patriarcado de Constantinopla, retirando dos dípticos o nome do Patriarca Ecumênico nos ofícios litúrgicos.

Em 09 de março de 1999, um congresso da Igreja Ortodoxa Autônoma da Estônia se reuniu em Tallin para discutir o fato de ainda não terem um hierarca (primado) residente no próprio país. O arcebispo João da Finlândia, o "locum tenens", presidiu a reunião na qual também se fizeram presentes os representantes do Patriarcado. O Congresso reconheceu que, não havendo um candidato estônio para assumir a direção da Igreja, teriam que recorrer ao Patriarcado sugerindo o nome do bispo Stephanos de Nazianzus (bispo auxiliar da Metrópole Grega Ortodoxa da França, com residência em Niza) para ocupar o dito cargo.

Em 13 de março de 1999, o Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico acolheu este requerimento e elegeu o bispo Stephanos como metropolita de de Tallin e toda a Estônia. O Santo Sínodo pediu ao novo metropolita que reorganizasse diligentemente a Igreja e que supervisionasse a formação de um episcopado estônio local.

Em meados de 1999 a Igreja da Estônia contava com 58 paróquias e cerca de 7 mil membros respondendo ao metropolita Stephanos.

Cabe ainda destacar a presença de 30 paróquias e cerca de 70 mil fiéis bem como uma comunidade monástica que optaram por permanecer sob a jurisdição do Patriarcado de Moscou, na Diocese de Tallin.

A Igreja Ortodoxa na Holanda
(Sob o Patriarcado de Moscou)

Desde o início do século XVIII a Igreja Ortodoxa mantém uma presença permanente nos Países Baixos; o Czar Pedro, o Grande permaneceu ali durante algum tempo fundando em 1697 uma pequena igreja ortodoxa em Amsterdã.

Em 1763 os "três falcões", um casarão de Amsterdã, foi convertida em uma igreja greco-russa de Santa Catarina, funcionando neste prédio até 1816. Porém, a presença ortodoxa mais forte e organizada na Holanda não se daria até 1816, quando se celebrou o casamento entre o rei Guilherme II e a princesa russa, Ana Pavlovna (filha do Czar Paulo I).

A princesa Ana não se converteu ao protestantismo, que era a religião oficial professada por toda a família real holandesa, mas permaneceu fiel à sua fé ortodoxa. Logo no início de sua estadia na Holanda, ia à igreja de Amsterdã, porém, pouco tempo mais tarde fundou a paróquia de Santa Maria Madalena em Haya, que existe até os dias de hoje.

Depois da Revolução Bolchevique de 1917, uma nova onda de imigrantes e refugiados russos passaram a integrar a comunidade desta paróquia que, ao ficar sem o auxílio financeiro proveniente da Rússia, caiu em uma situação de muita pobreza. Em 1937, com ajuda de um comitê especial holandês cujo objetivo era ajudar economicamente a esta comunidade, construiu-se uma nova igreja em Obrechtstreet, também dedicada a Santa Maria Madalena.

Naqueles anos, o sacerdote que servia a esta comunidade era o hieromonge Dionissy Loekine que vinha de Paris, estando sob a jurisdição do metropolita do Exarcado Russo de Europa Ocidental.

Em 1938, os primeiros convertidos de origem holandesa se uniram à Igreja Ortodoxa Russa, crescendo ainda mais este número com o apostolado missionário do Padre Dionissy em toda a região dos Países Baixos. Foi ainda este sacerdote que trabalhou na tradução dos livros litúrgicos para a língua holandesa e, em1944, eram fundadas mais duas paróquias, em Amsterdã e em Haarlem.

Em 1945, a Igreja Ortodoxa dos Países Baixos padeceu por causa das disputas jurisdicionais que se intensificaram entre os ortodoxos da diáspora. O padre hieromonge Dionissy seguiu os passos de seu metropolita em seu retorno ao Patriarcado de Moscou. Parte dos fiéis optou por segui-lo e, em conseqüência, outra paróquia foi fundada em Haya sob a jurisdição do Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio. Durante o período em que estiveram vinculados a este Sínodo, uma nova paróquia foi fundada em Amsterdã e outra na cidade de Haarlem. Também aquelas paróquias atraíram convertidos de origem holandesa, como um pequeno grupo de ortodoxos que pertenciam a jurisdição de Paris da Arquidiocese Russa da Europa Ocidental sob o Patriarcado de Constantinopla que contava com paróquias em Maastricht, Devenker, e um pequeno Monastério em Mill-St-Hubert.

Depois de 1945, um novo fluxo de imigrantes procedentes da Rússia chegaram ao país e, a grande maioria se estabeleceu em Rotterdam e seus arredores. Este fato motivou Padre hieromonge Dionissy à construção de uma paróquia neste lugar. Em 1954 aquela paróquia seria dedicada à Santa Mãe de Deus por Nicolai de Clichy, exarca do Patriarcado de Moscou, com a assistência especial de Anthony Bloom de Londres. Em 1966, o então arquimandrita Dionissy foi ordenado em Moscou, como bispo auxiliar em Rotterdam do arcebispo Basílio de Bruxelas. Finalmente, em 1976 morria o bispo Dionissy. Contudo, importantes mudanças foram realizadas durante a década de 70 na jurisdição de Moscou, posto que, no ano de 1971, o bispo Jacob da Igreja Ortodoxa da Holanda passava a ter sob seus cuidados todas as paróquias do Patriarcado de Moscou nos Países Baixos.

O bispo Jacob (Akkevsdike), que antes de seu episcopado na Igreja Ortodoxa havia sido monge beneditino da Igreja Católica Romana, foi recebido em 1940 no Patriarcado de Moscou da Igreja Ortodoxa Russa juntamente com seu amigo e monge Adriaan pelo então arquimandrita Dionissy. Em 1946, fundaram a primeira paróquia de língua holandesa, a Igreja de São João Batista, seguida em 1954 pelo monastério dedicado também ao Santo Precursor. O principal propósito deste monastério foi o de desenvolver um trabalho missionário entre os holandeses, traduzindo, para tanto, os livros de ofícios divinos e celebrando todos os ofícios diários no mesmo idioma local de acordo com o Typikón.

Em 1950, o padre Adriaan, desafortunadamente, contraiu tuberculose. Tendo sido enviado para a Suíça para se tratar, lá permaneceu convalescendo até 1953. Não obstante, padre Adriaan soube aproveitar muito bem até mesmo este tempo de quietude para realizar as traduções de alguns ofícios ortodoxos como: a Divina Liturgia, os ofícios de Vésperas e Matinas, além de outros ofícios litúrgicos. Estas traduções foram feitas seguindo as formas usuais, sendo realmente muito adequadas para atender as necessidades de culto das comunidades de língua holandesa.

Este gigantesco trabalho culminaria, em 1948, com a tradução para a língua holandesa do último livro, o Menaion geral. Assim a Igreja Ortodoxa de Holanda já podia dispor de todos os livros litúrgicos ortodoxos em língua vernácula, tarefa esta que contou com a cooperação valiosa do santo arcebispo João Maximovich. Em 1952, como arcebispo de Bruxelas e da Europa Ocidental, visitou de modo inesperado o monastério ortodoxo da Holanda por sua própria iniciativa, inspecionando toda a igreja: o altar e tudo o que havia sobre ele, os livros litúrgicos, os ícones, permanecendo no monastério por mais de uma hora. O arcebispo ficou muito satisfeito com a obra missionária dos padres Jacob e Adriaan e lhes colocou-se a disposição para ajudar no que fosse necessário.

"Disse que poderíamos recorrer a ele quando estivéssemos com qualquer dificuldade", escreveu o arcebispo Jacob de Haya, "e, em 1953, enfrentamos dificuldades. Nosso trabalho foi mal interpretado ..." Pe. Jacob encontrou-se então com a monja do convento de Lesna, na França, que também conhecia o arcebispo João e, depois de conversar com ela, resolveu ir visitá-lo em Versailles onde, em dezembro de 1953 o Padre Jacob solicitou-lhe que o recebesse sob seu omofórion. O arcebispo João Maximovich, então arcebispo de Bruxelas e Europa Ocidental, finalmente o recebeu, e a toa a sua comunidade, algumas semanas mais tarde, em janeiro de 1954.

Acolhendo a Igreja Ortodoxa da Holanda sob seu omofórion, o arcebispo João, deu início a um período de amplos contatos amistoso que produziram muitos e bons frutos, uma verdadeira bênção para aquela Igreja Holandesa. Foi, além disso, um verdadeiro pai espiritual para o hergúmeno Jacob e para o Padre Adriaan. Este grande hierarca mostrava-se atencioso e compreensivo para com a dimensão missionária da Igreja, apoiando e promovendo de todas as formas possíveis as obras que tivessem este caráter. Seu omofórion significou uma proteção real para a nascente Igreja Ortodoxa da Holanda, defendendo com muito entusiasmo o uso do idioma holandês e promovendo as adaptações necessárias à situação particular daquele povo. Todos os que tiveram a ventura de conhecer este grande arcebispo durante sua permanência nos Países Baixos, o recordam com um santo. Sempre que visitava Holanda hospedava-se no Monastério onde se sentia "como em sua própria casa".

Em 19 de setembro de 1965, com o beneplácito de arcebispo João o arquimandrita. Jacob foi eleito e consagrado bispo da Haya e dos Países Baixos pelo arcebispo Filaret de Nova York, sendo assim o primeiro bispo da Igreja Ortodoxa da Holanda. A consagração se deu na catedral de São Job em Bruxellas.

Depois da morte de Vladika Maximovich, ocorrida em 2 de julho de 1966 na cidade de Seattle, o entendimento entre a Missão Ortodoxa da Holanda e o Sínodo Ortodoxo Russo no Exílio foi se enfraquecendo paulatinamente culminando em 1971 com o retorno da Igreja Ortodoxa da Holanda ao Patriarcado de Moscou e, como conseqüência, o bispo Jacob, mais tarde arcebispo, foi elevado aos status de primaz da Diocese holandesa, reunindo-se novamente com o seu antigo bispo Dionissy.

Atualmente esta igreja conta com um Monastério em Haya, e paróquias em Amsterdã, Groningem, Amersfoort e Rotterdam.

Como se pode ver, a Igreja Ortodoxa da Holanda experimentou todos os problemas e as tentações das lutas inter-jurisdicionais, o que também parece se impor sobre todas as Igrejas Ortodoxas na diáspora. Não obstante, ainda se mantém muito viva e presente a veneração e o amor dos ortodoxos holandeses pela figura carismática do Arcebispo João de Maximovich.

A Igreja de Monte Sinai - Egito

Santa Helena, a raínha, construiu em 360, no Monte Sinai, o Monastério de Santa Catarina de Alexandria, a Igreja das Sarsas que arde e não se consome e dois grandes fortes;

O atual Monastério, aos pés do Djebel Musa, foi construído pelo imperador Justiniano, o Grande, no ano 527.

No século VII o abade recebeu o título de Bispo de Phanar, Sinai e Raiths e em1575 o Monastério de Monte Sinai foi erigido canonicamente como Igreja Autocéfala, sendo a menor Igreja da comunhão ortodoxa..

Seu arcebispo é consagrado pelo Patriarca de Jerusalém.

A biblioteca do convento de Sinai celebrizou-se pela quantidade e variedade de volumes e livros de grande importância.

O monastério ortodoxo de Santa Catarina de Alexandria se ergue aos pés do monte Horeb do velho testamento, onde Moisés recebeu as Tábuas da Lei. A montanha é conhecida e reverenciada também pelos muçulmanos com o nome de Jebel Musa.

O mosteiro, fundado no século VI, é o mais antigo mosteiro cristão ainda em uso com a sua função inicial. A área inteira é sagrada para os cristãos, judeus e muçulmanos. Suas muralhas e edifícios são muito significativos para o estudo da arquitetura Bizantina e suas instalações compreendem coleções de manuscritos e ícones do cristianismo primitivo. A áspera paisagem montanhosa, contendo numerosos sítios e monumentos religiosos, forma um pano de fundo perfeito para o mosteiro.

Igreja Ortodoxa na América (OCA)

A ortodoxia chegou a América do Norte, quando um grupo de missionários russos provenientes do Monastério de Vallam chegaram ao Alaska em 1794. Naquela época Alaska era território do Império Russo.

A primeira Igreja foi construída na Ilha de Kodiak e um número importante de nativos foram batizados ali. Em 1840, foi erigida uma Diocese para cobrir os territórios de Kamchatka, as ilhas Aleutians e as Kuriles, com sede episcopal em Sitka.

O primeiro bispo foi INOCENCIO VENIAMOV quem, tempo mas tarde, seria eleito Metropolita de Moscou. Em 1867, quando Alaska foi vendida aos EUA, a missão russa floresceu entre os nativos. Por este motivo foi que a Sagrada Escritura e os textos litúrgicos ortodoxos foram traduzidos para a língua nativa do Alaska.

A sede da Diocese foi transferida de Sitka para São Francisco em 1872. Nos tempos em que Tikhon (Belavin) foi nomeado bispo da América do Norte (1948) houve um grande crescimento da população ortodoxa na costa Leste devido a chegada de novos grupos de imigrantes da Europa Oriental e, dada esta nova situação, a sede diocesana foi novamente transferida para Nova York, em 1905. Tikhon consagrou um bispo auxiliar para o Alaska em 1903 e outros bispo auxiliar para as paróquias árabes em 1904, com residência no Brooklyn.

Em 1905, o bispo Tikhon foi elevado a arcebispo e, pouco tempo depois, em 1907, partiu da América para servir em outras dioceses até que, finalmente, foi eleito patriarca de Moscou e de toda a Rússia, em 1917. Em 1925 faleceu, sendo canonizado em 1989 como confessor da Igreja Ortodoxa Russa.

No final do século XIX, um número bastante significativo de católicos orientais (uniatas) ingressaram na Igreja Ortodoxa Russa na América. Este fenômeno se deu, em grande medida, em conseqüência da férrea oposição dos bispos católicos latinos quanto a receber em suas dioceses os sacerdotes greco-católicos casados que provinham da Europa Oriental. O arcebispo John Ireland de St Paul, por exemplo, rechaçou o Pe. Alexis TÓTH (1854-1909), como pároco da parroquia rutena-católica de Mineápolis, porque era viúvo; Como resultado, o Pe. Tóth e seus fiéis ingressaram para a Igreja Ortodoxa Russa em 1891. Fundou nos Estados Unidos mais 17 paróquias para os ex-católicos rutenos.

Tóth foi canonizado pela Igreja Ortodoxa na América em 1994.

No decorrer do ano de 1921 foi erigida na América do Norte, de forma paralela e separada uma arquidiocese ortodoxa grega, dependente da Igreja Ortodoxa Grega, ainda que, tempo mais tarde, seria transferida ao Patriarcado Ecumênico; Isto marcou o fim da unidade ortodoxa no Continente, já que este exemplo e modo de atuar foi seguido pelas posteriores fundações que outras jurisdições ortodoxas empreenderam na América. O esquema é simples: se estruturam e se agrupam segundo seu grupo étnico, e crescem dependentes de uma Igreja-mãe que é quem as supervisiona.

Depois da Revolução Bolchevista na Rússia, no ano de 1917, houve um grande influxo de imigrantes russos para a América, muitos daqueles, fiéis ortodoxos russos, conscientes da perseguição à Igreja-mãe por parte do novo regime comunista russo. Por esta razão, em abril de 1924, a diocese da América do Norte se declarou temporariamente auto-governada, permanecendo no entanto em comunhão espiritual com a Igreja Ortodoxa Russa.

Em 1935 se alcançou um acordo com a Igreja Ortodoxa Russa no Exílio, esta última, já havia rompido comunhão com o Patriarcado de Moscou. O acordo feito consistia em que a “Metrópolis” da América do Norte seria considerada como um de seus distritos, mas, na prática, permaneceria como uma jurisdição independente.

Em 1946 começou a ficar bastante claro que a Igreja Ortodoxa Russa no Exílio carecia de legitimidade canônica aos olhos da maioria das Igrejas Ortodoxas, e em conseqüência disto, a Metrópole da América do Norte decidiu por reconhecer o Patriarcado de Moscou como sua cabeça espiritual, com uma condição: que as suas igrejas permanecessem com sua autonomia administrativa.

Em 1970, o patriarcado de Moscou concedeu o status de autocefalía àquela metrópole que passou a se denominar IGREJA ORTODOXA NA AMÉRICA. As paróquias que desejaram permanecer sob a jurisdição direta de Moscou, puderam fazer sem problemas.

Esta ação provocou um intercâmbio de cartas entre Moscou e Constantinopla, através do qual o Patriarcado Ecumênico questionava a autoridade de Moscou para conceder autonomia a uma Igreja-filha.

A autocefalía da Igreja Ortodoxa na América foi posteriormente reconhecida pelas Igrejas Ortodoxas da Bulgária, Geórgia, Polônia e Repúblicas Tcheco e Eslováquia.

Ainda que esta situação não esteja plenamente solucionada, tem havido significativos contatos entre a Igreja Ortodoxa na América e o Patriarcado Ecumênico, com avanços bastante explícitos neste sentido. Uma delegação da Igreja na América visitou Istambul em 1990, 1991; em 1992, 0 então Metropolita THEODOSIUS, liderou uma delegação em visita ao Patriarcado Ecumênico, sendo recebidos pelo Patriarca Bartolomeu I, quando aconteceu uma reunião com a Comissão Sinodal para Assuntos Inter-ortodoxos. Ambos as partes expressaram seus compromissos com a unidade canônica na América.

Outro encontro importante se deu em julho de 1991 quando o Patriarca Ecumênico Dimitrios visitou a América. Mais recentemente, em 2003, S. Beatitude o arcebispo Herman com uma comitiva, foi recebido por SS. o Patriarca Ecumênico que já havia estado nos EUA em visita a Igreja Ortodoxa na América.

Alguns passos significativos já foram dados nesta direção, por exemplo, a maioria dos bispos dos EUA e Canadá se reuniram em Ligonier, Pensylvânia, de 30 de novembro à 2 de dezembro de 1994. Nesta reunião, os bispos rechaçaram o uso do termo “diáspora” ao descrever os mais de 200 anos de presença ortodoxa na América, e também se resolveu tomar medidas concretas para a coordenação de suas atividades e para trabalhar na restauração da unidade ortodoxa no Continente. Posteriormente, o Patriarcado ecumênico rechaçaria os Estatutos de Ligonier.

Na prática, a Igreja Ortodoxa na América está em comunhão com as demais Igrejas Ortodoxas, e seus bispos fazem parte da Conferência dos Bispos Ortodoxos Canônicas na América. Porém, apesar disto, ainda não estão habilitados a participar de atividades pan-ortodoxas, tais como o diálogo ecumênico internacional com outras comunhões cristãs devido a que falta o necessário reconhecimento unânime de sua autocefalía por parte de algumas Igrejas Ortodoxas.

Três jurisdições de origem nitidamente étnica estão em comunhão canônica com a Igreja Ortodoxa na América, dando a esta jurisdição um autêntico caráter multi-étnico. São elas: A diocese de Albânia, sob a jurisdição do arcebispo Teodósius com 13 paróquias; A Diocese Búlgara, sob a direção espiritual do arcebispo Kirill com 16 paróquias; e a Diocese Romênia sob o omofórion do bispo Natanael, com 59 paróquias sob sua jurisdição.

Existem ainda pelo menos seis comunidades monásticas sob a jurisdição da Igreja Ortodoxa na América.

Compreende ainda esta Jurisdição 6 Comunidades monásticas sob a direta supervisão do Primado, e outras 13 Comunidades dentro da Igreja Ortodoxa na América que se encontram sob a jurisdição dos bispos diocesanos.

Atualmente esta Jurisdição administra três escolas teológicas:
SAN HERNÁN, em Kodiak, Alaska, fundada no ano 1973;
SAN TIKHON, em South Canaan, Pennsylvania, fundada em 1937;
SAN VLADIMIR, em Crestwood, Nova York, erigida em 1938.

Em Dezembro de 1994, a Igreja Ortodoxa Russa cedeu a igreja de Santa Catarina, em Moscou, à Igreja Ortodoxa na América, para que funcione ali uma representação oficial de esta Jurisdição ante o Patriarcado de Moscou.

Nos EUA existem pelo menos 12 dioceses e 623 paróquias, bem como missões e outras instituições diretamente vinculadas à Igreja. As dioceses étnicas se estendem pelo Canadá, ainda que, vale ressaltar, que também existe ali uma arquidiocese não étnica, presidida pelo bispo Serafim. São 91 paróquias desta jurisdição no Canadá. A Igreja Ortodoxa na América também possui um exarcado no México que conta com 9 paróquias e algumas missões. Também existem outras 5 paróquias na América do Sul e mais 3 na Austrália as quais também se encontram sob a proteção canônica da Igreja na América.

A Igreja Ortodoxa na China

A origem da ortodoxia na China remonta o ano de 1686 quando o Imperador chinês contratou um grupo de cossacos russos para a sua guarda pessoal; seus descendentes foram, eventualmente, sendo assimilados na cultura chinesa, porém, não obstante, permaneceram fiéis à sua fé, formando um núcleo de uma verdadeira comunidade ortodoxa na China.

No final do século XIX a Igreja Ortodoxa Russa começou a desenvolver ações missionárias na China e, em 1914 já haviam cerca de 50 mil fiéis ortodoxos chineses, além de sacerdotes nativos e um seminário em Pekin.

Depois da Revolução de 1917, imigrantes russos vieram a se agregar à comunidade ortodoxa na China que, em 1939, já contava com cinco bispos no país, entre os quais o célebre João Maximovich, além de uma universidade em Manchúria, cerca de 150 paróquias e aproximadamente 200 mil fiéis em toda a China.

Depois da Revolução Comunista a maioria dos sacerdotes e fiéis russos foram deportados para a União Soviética, enquanto que outros puderam escapar para o Ocidente. Até o ano de 1955, restavam apenas 30 sacerdotes russos na China.

O Patriarcado de Moscou outorgou, em 1956, o status de Igreja Autônoma à Igreja Ortodoxa da China restabelecendo uma hierarquia russa. Naquele tempo havia somente 20 mil fiéis com um bispo em Shangai, e outro em Pekín.

1996 o Patriarca Ecumênico estabeleceu um metropolita em Hong Kong reafirmando seus vínculos com a Igreja da China e indicou que, falta agora resolver a eleição de um primado; entretanto, a conservação da ortodoxia no país fica sob a responsabilidade de Moscou.

A Igreja Ortodoxa no Japão

A Igreja do Japão nasceu em 1861, com a chegada de um jovem missionário russo ao Japão, um hieromonge (sacerdote-monge) chamado NICOLÁS KASSATHIN. Até a sua morte em 1912, havia batizado cerca de 20 mil japoneses na fé ortodoxa e traduzido para a língua japonesa o Novo Testamento e muitos outros livros litúrgicos. Foi canonizado em 1970.

A ortodoxia no Japão se converteu rapidamente num fenômeno local, sobrevivendo aos períodos de hostilidade entre Japão e Rússia. Este processo se completaria com a instalação do bispo THEODOSIUS, como primeiro metropolita nativo, japonês, durante o ano de 1972.

Como conseqüência dos problemas canônicos com a Igreja Ortodoxa Russa no período que seguiu a Revolução Bolchevique, a Igreja Ortodoxa no Japão ficou sob a jurisdição da Metrópole Americana (ver Igreja Ortodoxa na América) de 1945 a 1970. Quando a Igreja Ortodoxa na América foi declarada autocéfala pelo Patriarca de Moscou em 1970, a O.C.A. devolveu a Igreja do Japão à Igreja Ortodoxa Russa e, esta, por sua vez, deu autonomia à Igreja Ortodoxa do Japão. Em conseqüência disso, a cabeça desta Igreja teria de ser, a partir de então, confirmada pelo Patriarca de Moscou.

A autonomia da Igreja Ortodoxa do Japão não havia sido reconhecida ainda pelo Patriarcado Ecumênico e por muitas outras Igrejas Ortodoxas, não obstante, o metropolita Theodósios se reuniria com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I quando este foi visitar o Japão em 1995.

Atualmente existem três dioceses com trinta sacerdotes e cinco diáconos, servindo em 150 comunidades, a maior parte delas situadas na Ilha setentrional de Hokkaido.

Todos os sacerdotes são de origem japonesa, formados no seminário que a Igreja Ortodoxa do Japão possui em Tókio.

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