1Timóteo 1.12-17
Quantos de nós temos situações que se arrastam pelo tempo? Mágoas, tristezas, desentendimentos que aconteceram hoje, ontem, há uma semana, um mês, um ano, uma década, há muito tempo.
Deus derrama sobre nós sua misericórdia para que possamos olhar para o passado e construir o nosso futuro.
Foi assim com São Paulo. Ao escrever a Timóteo, ele mostra o seu passado de culpas, seu presente de arrependimento e seu futuro de trabalho.
Como isto pode acontecer com cada um de nós?
Primeiro devemos olhar para o…
Nosso passado de culpas
O apóstolo São Paulo escreve a Timóteo falando de sua situação no passado. São Paulo fora perseguidor dos Cristãos, segundo o próprio apóstolo ele ,em>era blasfemo, e perseguidor, e insolente. São Paulo soube reconhecer seus erros do passado.
Qual a história da nossa vida? O que fizemos ao longo do tempo de nossa existência? O que escrevemos nas nossas memórias e corações? O que escrevemos nas memórias e corações dos que nos cercam?
Carregamos as marcas dos erros do nosso passado conosco. Elas estão lá. Principalmente, elas devem permanecer lá! Sim, as marcas dos erros que cometemos não devem se estender até hoje. Devemos reconhecer as nossas culpas. Quantas pessoas magoamos? Quantas precisamos perdoar?
Outro dia falava à igreja da necessidade de se perdoar o imperdoável, de deixar Deus começar e recomeçar a sua obra em nós. Será que existe algo em nossas vidas que precisamos deixar de vez no passado? Algo que fique marcado como um erro que foi lavado e purificado pelo Sangue de Jesus? Um pedido de perdão que não fizemos. Um perdão que não concedemos. A vida é uma só, nós temos apenas essa oportunidade para viver o amor de Deus. Será que somos orgulhosos demais para perdoar? Não problema do passado que não possa ser resolvido. Não há erro que não possa ser perdoado. Estamos dispostos a perdoar? Estamos dispostos a percorrer a difícil jornada de desenterrar os erros do passado para que eles sejam acertados no presente e não se estendam eternamente?
O passado não pode ser mudado, ele está lá, registrado para todo o tempo. Mas o presente e o futuro, estes, podem ser mudados, e se no passado temos os registros das nossas culpas, devemos construir…
Nosso presente de arrependimento
São Paulo revelou a Timóteo seu passado de culpa, mas também mostrou como se dá a transformação na vida de quem está disposto a mudar sua realidade.
Quando a graça de Deus transborda sobre as nossas vidas, ela vem com a fé e o amor que há em Cristo. A fé, que Deus dá a cada um de nós e não é nossa, mas pertence a Deus, é que nos permite experimentar o amor, ambos, fé e amor, derramados por graça de Deus.
É a graça e a misericórdia de Deus, que nesta manhã se renovou sobre a minha e a sua vida, que permite que vivamos e possamos ser servos de Deus. Esta mesma graça desperta em nós, através da fé e do amor, a consciência da necessidade do arrependimento. É preciso transformação de vida. É preciso acertar as contas com o passado.
Quando Deus derrama sobre nós sua graça e nos torna seu, ele não apaga nosso passado num passe de mágica. Ele nos torna novas criaturas sim, mas chamados a sermos testemunhas vivas da sua graça, para isso, é preciso buscar no passado os erros e perdoar e ser perdoado. É viver na graça de Deus. É viver sendo misericordiosos e contando com a misericórdia divina.
Para isso é preciso confessar. São Paulo confessou: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Vejam que temos aqui duas confissões: a de Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e a de que o apóstolo é o principal dos pecadores.
Quanto mais conhecemos a vontade de Deus, mais dependemos de sua graça. Quanto mais conhecemos a Palavra, mais chegamos às conclusões de São Paulo. É preciso confessar que Jesus veio ao mundo para nos salvar, pois somos pecadores e mais, somos os maiores pecadores que existem, pois conhecemos a vontade de Deus e ainda assim somos pecadores, sabemos que não podemos errar e erramos, porque é da nossa natureza pecadora o erro.
Por isso a graça de Deus derrama sobre nós fé e amor. Fé, para crermos nas promessas de Deus. Amor, para amar o nosso próximo e a nós mesmos e a Deus acima de todas as coisas e buscarmos corrigir os erros e crescer em fé, amor e esperança.
Ora, quando nos dispomos a acertar as contas com o passado e a vivermos debaixo do amor e da fé, passamos a ter diante de nós grandes tarefas, por isso vislumbramos…
Nosso futuro de trabalho
São Paulo continua sua carta dizendo a Timóteo que a misericórdia de Deus permitiu que Jesus mostrasse, por meio de São Paulo, sua paciência, permitiu, e permite, que São Paulo fosse testemunha para muitos.
Qual a grande tarefa de cada um de nós como cristãos? A construção do Reino de Deus. Somos operários da construção do Reino e nossas ferramentas são a fé e o amor expressos por meio de palavras, mas principalmente, pelo nosso testemunho.
A quantos temos demonstrado amor? A quantos temos exercido misericórdia? A quantos temos anunciado o Evangelho? Estamos dispostos a mudar nossas atitudes?
Por natureza somos egoístas. Queremos mais de tudo que pudermos; atenção, dinheiro, prestígio, fama. O Reino de Deus exige que deixemos isso tudo de lado em favor da fé e do amor, para viver debaixo da graça de Deus.
Nosso futuro está diante de nós. Como vamos construí-lo? Qual a melhor maneira de tocar as nossas vidas? Creio que a doxologia de São Paulo é uma boa resposta: honra e glória a Deus, pelos séculos dos séculos. Como honrar a Deus e dar a ele a devida glória? Vivendo a fé e o amor em cada atitude. Assim, testemunhamos o Deus único e o apresentamos aos que nos cercam.
Concluindo…
A vida está em curso. O tempo não pára. O presente faz-se passado, o futuro é já. Quando é que nós tomaremos a sábia atitude de olhar para o passado, ser preenchidos pela misericórdia de Deus e derramá-la sobre os outros, e assim demonstrar no presente que somos perdoados e perdoamos e que somos fruto da misericórdia de Deus para que possamos construir um futuro de glória e honra a Deus.
Quero encerrar com um poema de frei franciscano Antonio das Chagas, escrito por volta século XVII:
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
Rev. Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo





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