segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A suruba e a Web 3.0

Cesar Paz, no jornal Propaganda & Marketing.

Quando a confusão é grande, alguém tem que assumir o comando.
– Raios! Pára tudo e acende a luz... – disse o português indignado bem no meio da "festa".
As razões da indignação do portuga todos nós sabemos e não cabe detalhar neste artigo, mas é importante entender que quando a confusão é muito grande alguém tem que assumir o comando e tentar organizar o ambiente.
Na web, colaborativa ou não, estamos nessa fase. A cada hora, milhões de novas páginas contendo áudios, vídeos, imagens, textos e aplicações são publicadas, formando milhares e milhares de terabytes de informação que representam um caos informacional, especialmente para o usuário comum.
Se você digitar, sei lá, "geladeira" num buscador (Google, por exemplo), você irá obter como resultado alguns milhões de respostas.
Bom, vá lá que isso já é alguma coisa, mas mesmo que as respostas apareçam com alguma ordem de relevância, cá entre nós, é um "over delivery" para quem, talvez, queira apenas comprar ou consertar uma geladeira em São Paulo.
O que pode um ser humano fazer com milhões de respostas? Provavelmente, refinar a busca, refinar a busca... até encontrar ou desistir.
Isso na prática é perda de tempo e/ou dinheiro, se compararmos a web com ela mesma. Por favor, não podemos retornar às páginas amarelas!
Bom, se depender de Tim Bernes-Lee, o cara que se propõe a "acender a luz", não precisaremos dessa radical atitude. Os últimos anos de pesquisas de Bernes Lee, o mesmo cara que concebeu, em 1990, a web no modelo com que você interage até hoje, foram todos focados na tentativa de solução do problema de reorganização dessa enorme massa de conteúdo da web.
Juntamente com um grande grupo de pesquisadores do W3C – World Wide Web Consortium (MIT – EUA) e alguns outros grandes centros de pesquisa espalhados pela Europa e Japão, Bernes Lee está materializando o que já se convencionou chamar de "web semântica", "web inteligente" ou até "web 3.0'(sic).
O nome não importa muito, mas segundo o próprio Bernes Lee, é possível criar um modelo que permita a compreensão e o gerenciamento de todas as formas de conteúdo a partir da valoração semântica deles e de agentes coletores de conteúdos advindos de fontes capazes de processar as informações e permutar resultados com outros programas.
Na proposta do W3C, isso poderá ser feito por meio da construção de uma camada de tecnologia que, sem alterar a interface, permita a representação estrutural e semântica automatizada das informações existentes.
Como também não sou um cara técnico, tenho dificuldades de ver essa evolução no nível da indexação, do relacionamento e do processamento desses dados, mas imagino o leque quase infinito de possibilidades e serviços geniais que isso vai representar.
Em pouco tempo (não me pergunte quanto), poderemos digitar em um serviço "web semântico", por exemplo, "geladeira, conserto, são paulo, Brastemp" e receber como resultado não milhões de respostas, mas talvez apenas um sistema de agenda de visitas das três principais oficinas autorizadas pela Brastemp na cidade de São Paulo.
Aí seria só escolher a revenda, o melhor dia, o horário e aguardar a visita. Inacreditável, né?
Vindo do cara que inventou a web eu não duvidaria, não. Então, que acendam logo a luz. Ora, pois!

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