
Como nossos pais
Rev. Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo
Ao olhar para a minha geração e ver tamanha futilidade de comportamento e valores contrastados com a produção intelectual e cultural da geração de meus pais eu me pergunto: onde a geração que lutou contra a ditadura, pelas diretas já, enfrentou greves sindicais e produziu movimentos culturais marcantes, onde eles erraram na nossa educação?
Para responder essa pergunta, coisa que não vou fazer aqui, talvez deveríamos perguntar a eles: e aí? O liberalismo cultural, a democracia, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa resultaram no quê? O que é a nossa sociedade hoje? Somos frutos de que tipo de educação? Que repressão ou liberdade temos? O que vocês queriam fazer dos seus filhos que resultou na juventude de hoje?
Não sei, sinceramente não sei o que dizer da minha geração, chego a me envergonhar ao perceber que juventude de hoje está mais preocupada com as festas, dinheiro, música barata e não está nem aí para a situação da miséria no país, não sabe pra que serve o Congresso Nacional e sequer entende o que é Sistema Democrático, liberalismo, neoliberalismo, modernismo, pós-modernismo, partidos de direita, centro, esquerda. Falar de política com a juventude, salvo raras exceções, é quase que falar com as paredes.
A juventude não acredita em seu potencial, não sabe do que é capaz, não tem idéia da importância de sua reflexão e ação contra as ações opressoras estatais e privadas. Prefere calar-se, afinal, os que não receberam das mãos dos pais tudo o que queriam, foram privados de tudo o que necessitavam para viver.Para os primeiros, o mundo gira em torno deles, as preocupações com o mundo e o país são questões que seus pais resolvem, eles querem mais é curtir. Para os segundos, eles correm atrás do mundo e quando se cansam, o que resta e romper com ele e partir para a criminalidade ou se conformar e continuar humilhando-se.
Este é o retrato da nossa juventude, salvam-se poucos grupos que ainda acreditam que podem mudar alguma coisa neste país, de resto, desce uma cerveja e reúne os amigos para gozar da cara uns dos outros que é mais importante que um bom debate ou um bom papo sobre como mudar o mundo, acabar com a pouca vergonha política e social do país e minimizar ao máximo a desigualdade social.
Será mesmo que é isso que nossos pais sonharam para nós? Não sei, mas sei de uma coisa: nossos pais substituíram a ditadura militar por outra ditadura: a da futilidade!
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